Processos em conciliação judicial tem índice de 17,8 por cento de sucesso quando advogados acompanham as partes desde o início

Estudos mostram como a atuação do advogado, desde o início do processo, resulta em mais chances de conciliação

Processos em conciliação judicial tem índice de 17,8 por cento de sucesso quando advogados acompanham as partes desde o início

A advocacia exige uma combinação de conhecimento técnico, habilidades analíticas e, acima de tudo, uma compreensão profunda das pessoas. Embora o domínio das leis, doutrinas e jurisprudências seja essencial, o verdadeiro sucesso de um advogado frequentemente depende de sua capacidade de entender seus clientes de maneira completa. Esse aspecto, muitas vezes negligenciado, é vital para uma compreensão que vai além do jurídico, aprofundando-se na realidade e nas necessidades dos clientes.

Durante a conciliação judicial, o advogado atua como um mediador estratégico, ajudando a identificar pontos de acordo, pontos onde pode ocorrer mudança de pensamentos e a negociar termos favoráveis para seu cliente, sempre buscando uma resolução rápida e eficiente. O advogado que consegue estabelecer uma conexão empática com seus clientes oferece não apenas um serviço jurídico, mas também um apoio humano, crucial tanto para o sucesso do caso quanto para fortalecer a confiança no relacionamento advogado-cliente.

“A importância do advogado em casos em conciliação judicial reside na capacidade de orientar as partes envolvidas, garantindo que seus direitos sejam respeitados e que as soluções propostas sejam justas e equilibradas. Isso significa considerar aspectos emocionais, culturais, sociais e até psicológicos que influenciam o comportamento e as decisões dos clientes”, esclarece a Dra. Vanessa Albuquerque, advogada e CEO (diretora executiva) da Montañés Albuquerque Advogados, e Conciliadora nomeada do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.

De acordo com os índices de 2023 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a conciliação durante o conhecimento da ação lidera os indicadores de êxito no processo, ficando em 17,8%, com pequena variação frente ao ano de 2022 (que registrou 18%). Já no segundo grau os acordos ficam mais difíceis. Segundo os dados disponíveis, apenas 1% dos processos nesta fase são resolvidos por meio de acordo.

Por isso, ao estar presente desde o início, o advogado pode identificar e antecipar problemas que possam surgir durante as negociações, evitando que mal-entendidos ou desentendimentos inviabilizem um acordo. Ele também garante que todas as propostas sejam avaliadas com cuidado, assegurando que os direitos do cliente sejam protegidos e que o acordo final seja justo e equilibrado.

O advogado que incentiva, quando possível, o aproveitamento da sessão de conciliação ou mediação como forma de conversa entre as partes, leva ao seu cliente uma modernização da forma de resolução de conflitos, deixando de lado a disputa e prevalecendo o equilíbrio da sociedade.

“Por exemplo, imagine um cliente envolvido em um processo de divórcio litigioso. Além das questões legais como divisão de bens e guarda dos filhos, esse cliente pode estar lidando com sentimentos de perda, medo do futuro e até vergonha. Um advogado que apenas aborda o caso de maneira técnica pode perder sinais importantes sobre o que é realmente prioritário para o cliente. Ao compreender o estado emocional do cliente, o advogado pode, por exemplo, sugerir soluções de mediação em vez de um litígio prolongado, que poderia agravar o estresse emocional”, completa a Dra. Vanessa

A advocacia eficaz exige mais do que conhecimento técnico, é necessária uma compreensão integrada do ser humano e das complexidades que cada caso traz consigo. Ao olhar além dos livros e da lei, o advogado pode oferecer um serviço verdadeiramente completo, que não só busca a justiça no sentido legal, mas também no sentido humano.

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