A quinta-feira sem fim

Em menos de 12 horas, o Brasil perdeu três grandes ícones do jornalismo esportivo

A quinta-feira sem fim

Para os fãs de futebol e de esporte como um todo, a última quinta (16), não teve fim.

Em menos de 12 horas, o Brasil e o eixo Rio-São Paulo ficou órfão de três grandes baluartes da imprensa esportiva.

Washington Rodrigues, o Apolinho, foi locutor, comentarista e apresentador. Chegou até ser técnico do seu time do coração, o Clube de Regatas do Flamengo. Chegou a ser vice-campeão da Supercopa da Libertadores, vencida pelo São Paulo, em 1995, e também foi diretor de futebol em 1998.

Apolinho foi criador de vários bordões utilizados dentro e fora do futebol nas ruas do país inteiro, como "briga de cachorro grande", "aplicou um chocolate" e "geraldinos e arquibaldos". O apelido surgiu pelo fato de Rodrigues usar um microfone na época de Rádio Globo, que somente os astronautas da histórica Missão Apolo 11, de 1969. Aos 87 anos, era um dos principais nome da Rádio Tupi, e não resistiu a um câncer.

Falando ainda sobre narrador, todos sabem quem foi Sylvio Luiz. O primeiro narrador a utilizar a linguagem cômica de maneira integral em suas transmissões, Sylvio somente pode ser comparado com Osmar Santos, que ainda está entre nós, mas que não narra mais, e todos sabem o porquê.

Sylvio Luiz foi ator, apresentador, diretor, árbitro e repórter. Poucos sabiam, mas Sylvio Luiz era torcedor do São Paulo. Marcou época nos anos 90 na - época - Rede Bandeirantes junto com Luciano do Valle, na saudosa era do: "Bandeirantes: o canal do esporte!". Cobriu seis Copas do Mundo e nove Olimpíadas, passou por todas as principais emissoras paulistas, como a Band, Record, SBT e RedeTV!.

A expressão "olho no lance!" foi imortalizada pelo locutor paulistano. Aos 89 anos, Sylvio Luiz passou mal durante a segunda partida da final do Campeonato Paulista entre Palmeiras e Santos na RecordTV. Estava internado desde o início de maio no Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

Por fim, o nosso amigo de todas as madrugadas. Palmeirense do Bom Retiro, Antero Greco chegou a ser editor de esportes d'O Estado de São Paulo, mas foi como âncora da versão brasileira do SportsCenter da ESPN (Entertainment and Sports Network, The Walt Disney Company) Brasil (antes TVA Esportes, do Grupo Abril) que Anterito, como era conhecido, se tornou um dos maiores nomes do jornalismo esportivo nacional.

Além de Paulo Soares, Antero dividiu espaço com Juca Kfouri, Milton Leite, Luis Roberto, e do seu ex-chefe, José Trajano. Greco era jornalista formado na Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo. Tinha um apartamento somente para seus livros, e não gostava de andares altos.

Lutava contra um tumor no cérebro há dois anos. Antes de voltar a ser internado, havia a expectativa pelo retorno à bancada do SportsCenter. No penúltimo sábado (11), Paulo Soares escreveu um texto, publicado no blog de Juca Kfouri no portal UOL, dizendo que Antero já não iria mais acordar. Cinco dias depois da publicação do texto do Amigão, às três horas da manhã da última quinta (16), o Hospital Beneficiência Portuguesa declarou o falecimento de Anterito.

Não apenas fomos nós a lamentar. O presidente da República também:

"Um dia de muita tristeza para o jornalismo esportivo brasileiro. Além do querido Antero Greco, nos despedimos do radialista Washington Rodrigues, o Apolinho, uma carreira de décadas de amor ao futebol e ao Flamengo, e querido por todas as torcidas. E do grande locutor esportivo Silvio Luiz, um dos mais criativos narradores de todos os tempos, de muitos bordões, como “olho no lance”, que se tornaram expressões comuns nas conversas dos brasileiros. Ao mesmo tempo perdemos três grandes nomes com quem vivemos juntos tantas emoções no esporte. Meus sentimentos aos familiares, amigos, ouvintes, telespectadores e milhões de admiradores que sentirão falta desses três grandes talentos do jornalismo esportivo.", afirmou Lula (PT) em uma rede social.

Lembramos Sylvio Luiz e Antero em nosso perfil do Instagram, por se tratar de dois grandes nomes do jornalismo paulista, mas também lamentamos a perda de Apolinho.

Temos que manter os legados vivos para que as novas gerações, de cariocas e paulistas, saibam quem foi Apolinho, Sylvio Luiz e Antero Greco.

Parece que a trasmissão celestial para o jogo de Pelé, Maradona, Eusébio, Cruyff e Beckenbauer, está com uma equipe pra lá de pronta!