Gabriel Galípolo é o novo presidente do Banco Central após passar por sabatina

O ex-diretor do Banco Central vai se tornar o presidente do mesmo; Veja análises especializadas sobre a sabatina no Senado ocorrida nessa terça (08)

Gabriel Galípolo é o novo presidente do Banco Central após passar por sabatina
Após passar por sabatina nessa terça (08), o economista Gabriel Galípolo será o novo presidente do Banco Central. Veja análises de especialistas sobre a sabatina:
"A sabatina de Gabriel Galípolo transcorreu conforme esperado, resultando em sua aprovação por 66 votos a favor e 5 contrários. Durante o processo, Galípolo enfatizou que sua atuação à frente do Banco Central (Bacen) será pautada por uma postura técnica, embora tenha também destacado sua relação positiva com o Presidente Lula e garantido que atuará com independência. No entanto, mais do que palavras, o mercado estará atento às suas ações. O sucesso de seu mandato dependerá de sua capacidade de conquistar a confiança dos agentes econômicos, resistindo às pressões políticas e mantendo uma gestão focada na estabilidade financeira." (Valter Bianchi Filho, sócio fundador da Fundamenta Investimentos)
"Gabriel Galípolo, nome indicado por Lula para presidir o Banco Central, foi aprovado hoje por unanimidade pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. A indicação agora segue para o plenário do Senado, onde a expectativa é de que a aprovação ocorra ainda hoje. Galípolo deve assumir o lugar de Roberto Campos Neto, nomeado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
Durante a sabatina, Galípolo adotou um tom de neutralidade, elogiando tanto o presidente Lula quanto Campos Neto, o que contribuiu para reduzir as tensões em torno das frequentes discussões entre as duas figuras. Vale lembrar que, desde o início de seu mandato no ano passado, Lula tem sido um crítico ferrenho da condução da política monetária sob Campos Neto.
Quando o nome de Galípolo foi inicialmente mencionado por Lula como possível sucessor, o mercado reagiu com certa apreensão, dada a postura crítica do presidente em relação à independência do Banco Central. Contudo, Galípolo já era familiar aos senadores, tendo sido aprovado pelo Senado em 2023 para a diretoria de Política Monetária do BC.
Agora, Galípolo indica que recebeu garantias de Lula quanto à sua autonomia nas decisões à frente do Banco Central. Nas últimas semanas, o mercado se apoiou nos sinais positivos vindos da recente reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que elevou a Selic em 0,25 ponto percentual, alcançando 10,75% ao ano. Esse foi o primeiro aumento desde agosto de 2022, e a decisão unânime, mesmo sob as críticas de Lula em relação ao nível atual da Selic, foi vista como um sinal de que a independência da instituição, mesmo com Galípolo em sua diretoria, estaria mantida.
Ainda assim, Galípolo enfrentará desafios significativos à frente do Banco Central. O cenário geopolítico continua pressionando os preços globais, e as questões fiscais do Brasil permanecem como uma fonte de preocupação para o mercado". (Tayllis Zatti, head de conteúdo da Faz Capital)

"Gabriel Galípolo, atual diretor de política monetária do Banco Central, foi aprovado pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado para a presidência da instituição. No entanto, é importante lembrar que a indicação ainda precisa ser votada no plenário do Senado, o que pode acontecer ainda hoje, segundo informações da imprensa. Caso aprovado, Galípolo assumirá a presidência do Banco Central em janeiro do ano que vem, com bastante tranquilidade.
Desde que o presidente Lula anunciou o nome de Galípolo no final de agosto, ele tem se dedicado a dialogar com senadores de diferentes frentes, tanto da base governista quanto da oposição, mesmo com o Congresso esvaziado devido às eleições municipais.
Quanto ao mercado, parece que o nome de Galípolo já foi bem assimilado, sem grandes surpresas. A expectativa é de que ele tenha um período de trégua do Partido dos Trabalhadores (PT) nos primeiros meses de mandato, com pouca pressão até, pelo menos, meados de 2025. Assim, ele deve ter condições de trabalhar com certa tranquilidade.
O impacto dessa nomeação no mercado, neste momento, é mínimo, já que os investidores e o mercado financeiro já haviam dado um voto de confiança a Galípolo. A sabatina foi tranquila e contou até com o apoio da oposição, o que reforça a sensação de que tudo está dentro do esperado. Agora, é aguardar sua posse". (Marcelo Boragini, sócio e especialista em renda variável da Davos Investimentos)

"Com a aprovação de Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central, ele enfrentará uma série de desafios complexos. O principal será a manutenção da credibilidade da instituição, especialmente diante de possíveis pressões políticas. Embora Galípolo tenha reafirmado que o presidente Lula lhe garantiu liberdade nas decisões, a autonomia do Banco Central continuará sendo um tema central. O risco de interferências políticas, que já surgiu no início do atual governo com pressões sobre Roberto Campos Neto, persiste como uma preocupação.
Outro desafio importante será ancorar as expectativas de inflação. As projeções para 2024 e 2025 já estão distantes da meta de 3%, e o Banco Central precisará agir preventivamente para evitar a consolidação dessa tendência. Galípolo se comprometeu com a estabilidade econômica, mas será necessário implementar políticas eficazes para trazer a inflação de volta ao centro da meta, algo fundamental para a economia brasileira.
A autonomia financeira do Banco Central, tema debatido durante a sabatina, também será um ponto sensível. Galípolo mostrou habilidade ao lidar com a questão, destacando que a autonomia não significa agir em desacordo com o governo, mantendo-se alinhado à visão de Roberto Campos Neto sobre a relação entre o BC e o Executivo.
Outro desafio relevante será a condução das novas tecnologias financeiras. O sucesso do PIX exemplifica a necessidade de preservar e ampliar iniciativas inovadoras. Galípolo terá que supervisionar o desenvolvimento do Drex (real digital) e lidar com os desafios trazidos pelas criptomoedas e outras inovações financeiras, garantindo que o Banco Central acompanhe essas transformações de perto.
Por fim, o mercado enxerga com otimismo a capacidade de diálogo de Galípolo. Ele construiu uma sólida reputação em seus cargos anteriores, mostrando habilidade em transitar entre diferentes setores e equilibrar interesses. Essa competência será essencial para garantir a estabilidade econômica nos próximos anos". (Gabriela Paixão, coordenadora internacional do Grupo Fractal e planejadora financeira CFP pela Planejar)
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