O Paulista de Todas as Vozes

2024 não dá trégua, e o casting celestial recebeu uma voz bem especial!

O Paulista de Todas as Vozes

2024 está a ser um ano muito difícil para a comunicação social brasileira. Um pouquinho mais para o nosso estado.

Temos poucos editoriais, é verdade. Dois deles são uma espécie de obituário. O que na verdade, não é raro. Em nossa versão clássica, entre 2022 e 2023, tivemos uma série de editoriais como obituários.

Mas, não existe isso conosco de “infelizmente”.

Memória de “gente grande” deve ser saudada. Sempre.

É exatamente isso em que acreditamos aqui no Correio Regional São Paulo.

Na manhã da última quinta (03), nos despedimos de um dos maiores comunicadores do país. A três anos de completar seu centenário, Cid Moreira se juntou ao – cada vez mais estrelado – casting celestial.

Nascido no Vale do Paraíba, na “mítica” cidade de Taubaté em 1927, o contador Cid começou no rádio em 1944, por insistência de um amigo que pediu a Cid para fazer um teste na Rádio Difusora de sua cidade natal. Até 1949, ficou no âmbito publicitário até se mudar para a Capital, onde passou para a Rádio Bandeirantes.

Cid deixou as terras paulistas em 1951, quando fora contratado pela Rádio Mayrink Veiga e se transferiu para o Rio de Janeiro. Na capital fluminense, deu seus primeiros passos na televisão, apresentando comerciais na TV Rio. Em 1963, fincou seu pé (e trajetória) no jornalismo ao começar a apresentar o “Jornal de Vanguarda” na mesma emissora.

Mas foi na maior emissora do país que Cid Moreira marcou seu nome na história da comunicação social brasileira. Ao lado de Sérgio Chapelin, Cid tornou-se um dos principais – e mais longevos – âncoras dos telejornais brasileiros. A ideia de ser um dos primeiros apresentadores do maior jornal televisivo brasileiro, partiu de Armando Nogueira (1927-2010), Maria-Alice Reiniger e do “mago” José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o osasquense Boni.

Ao “Memória Globo”, em 2000, Cid disse que não sentiu nervosismo ao apresentar a primeira edição do Jornal Nacional em 1969, ao contrário de toda a equipe de (recém-criada) equipe de telejornalismo, que estavam com os nervos à flor da pele: “Eu chegava no horário de fazer o jornal, não participava da redação. Só ia apresentar o jornal. Naquele dia, cheguei e vi aquele nervosismo, todo mundo preocupado. Para mim, era normal. Mas no dia seguinte, voa na capa d’O Globo: ‘Jornal Nacional…’ Aí, comecei a perceber a dimensão”.

Com uma voz de trovão, a simplicidade sempre fez parte de Cid Moreira. Simplicidade e religiosidade.

Após marcar seu nome na história novamente sendo o narrador das performances do mágico estadunidense Leonard “Mister M” Montano no Fantástico, marcando a infância (e pré-adolescência) daqueles que nasceram na segunda metade dos anos 80 e início dos anos 90, Cid, depois de marcar o nome da bola da Copa do Mundo de 2010 (afinal, quem não lembra de: Jabulaaaani!), preferiu deixar a TV para se tornar, literalmente, a “Voz de Deus”, gravando toda a Bíblia Sagrada em formato de audiolivro, chegando a arrecadar 60 milhões de reais com as gravações.

Para quem é da região metropolitana de São Paulo, rapidamente se lembra das imitações do humorista Beto Hora no programa “Na Geral” – antes da Rádio Bandeirantes, hoje 105FM – mandando abraços para os ouvintes na voz de Cid Moreira.

Neste espaço, não vamos detalhar a questão de Cid com seus filhos.

Cid deixou de ser a Voz de Deus para ficar de maneira definitiva ao lado d’Ele. Não conseguiu completar 100 anos, porque Cid já era eterno há muito tempo.

Novamente, nós, da comunicação social, temos que manter muitos legados. Depois de Silvio Luiz, Apolinho, Antero Greco e Silvio Santos, mais do que nunca, as mais novas gerações precisam “responder” ao “boa noite” mais icônico da televisão brasileira.

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