A importância da Política Nacional de Educação Digital para os estudantes

Por Cristina Diaz*

Muitos países ao redor do mundo estão investindo em educação digital nas escolas para preparar os alunos para um mundo tecnológico em constante evolução. E posso citar alguns exemplos como Finlândia, Singapura, Austrália, Estônia, entre outros, que já adequaram suas grades escolares para isso. 

Aqui no Brasil conquistamos a Política Nacional de Educação Digital (Pned), sob a Lei 14.533, de 2023. A proposta é garantir a inclusão digital da população brasileira; a educação digital nas escolas; ações de capacitação do mercado de trabalho; e incentivo à inovação, à pesquisa e ao desenvolvimento (P&D).

Em uma era extremamente conectada, a estruturação e o incentivo ao ensino de Computação, Programação, Robótica e outras habilidades digitais nas escolas brasileiras são um passo importante para o futuro dos estudantes, bem como da Educação Básica.

A educação digital é um meio essencial para capacitar os jovens estudantes a usarem efetivamente a tecnologia para aprender, comunicar, colaborar e resolver problemas. E, neste contexto, é possível fazer uma integração curricular com definição de padrões e diretrizes para integrar os conceitos a disciplinas existentes ou criar iniciativas específicas para a educação digital. Em complemento e reforçando essa importância, podemos lembrar de três pilares apresentados na BNCC - Base Nacional Comum Curricular: "Cultura Digital, "Mundo Digital" e "Pensamento Computacional".

Devemos lembrar que a questão da desigualdade social é latente no Brasil, principalmente quando observamos as escolas públicas, que contam com recursos limitados. Nesse sentido, o Pensamento Computacional pode ser uma ferramenta para trabalhar a Computação de forma desplugada, ou seja, em atividades off-line. Dos três pilares, o Pensamento Computacional é o que tende a ser mais inclusivo por permitir o trabalho desplugado, especialmente a partir de problemas, atividades "mão na massa" e oficinas. O Pensamento Computacional envolve habilidades como Abstração, Pensamento Algorítmico, Reconhecimento de Padrões e Avaliação.

Também é importante que haja uma colaboração do Setor Privado com as demais partes interessadas para a implementação da Lei, estabelecendo parcerias com empresas de tecnologia que atuem com conteúdos que estimulem o pensamento computacional, o contato com a matemática e o raciocínio lógico, bem como com organizações da sociedade civil e outros interessados para fornecer recursos, ferramentas e suporte para a implementação da política.

Ainda nesse contexto, é essencial reforçar que, para o sucesso da educação digital nas escolas, é preciso ter um olhar atento e ações de viabilização para a capacitação dos professores, estabelecendo programas de desenvolvimento profissional para que eles possam usar a tecnologia em sala de aula e ensinar habilidades digitais aos alunos, ou até mesmo incentivar as atividades desplugadas. Os educadores também são agentes de transformação determinantes para que os alunos se sintam encorajados a participarem de olimpíadas e concursos em que possam testar seus conhecimentos de forma divertida e dinâmica.

Temos conhecimento dos desafios em um país tão grande e diverso como o Brasil, além de sabermos que ainda estamos em um momento de estruturação sobre como o trabalho com Computação deve ocorrer nas escolas. Mas existem diferentes caminhos, como de forma interdisciplinar, ser uma disciplina exclusiva ou como projetos extracurriculares. É importante termos um olhar que foque nessas iniciativas do aprendizado da tecnologia preferencialmente integrados aos pilares da BNCC e não há necessidade que seja um "curso" específico, mas ações de incentivo com temáticas que coloquem nossos estudantes brasileiros como conhecedores de habilidades tecnológicas.  

A Política Nacional de Educação Digital tem o papel importante de garantir que todos os alunos tenham as habilidades necessárias para prosperar na sociedade digital do século XXI. Considerar os conceitos de segurança e Cidadania Digital também é  importante. Assim, devem-se desenvolver diretrizes e recursos para promover a segurança online, ensinar ética digital e promover o uso responsável da tecnologia. 

Precisamos unir forças para promover a inclusão digital, a igualdade de oportunidades e o desenvolvimento econômico.. Somente desta forma, teremos uma geração mais preparada para desafios diversos, com cidadãos digitais responsáveis e competentes.

(*) CEO (diretora executiva) da UPMat Educacional.