O impacto positivo dos parques na saúde e no bem-estar de crianças e adultos

Especialistas apontam os benefícios de frequentar esses espaços na Capital para melhorar a qualidade de vida e a longevidade

O impacto positivo dos parques na saúde e no bem-estar de crianças e adultos

O fim de semana se aproxima e, para muitos moradores de São Paulo, isso significa a busca por momentos de descanso e de lazer. Depois de uma semana corrida, os parques urbanos da capital se destacam como verdadeiras ilhas verdes para escapar da agitação da cidade grande. Além do contato com a natureza, trazem inúmeros benefícios para as saúdes física e mental. 

O acesso a parques oferece um contraponto necessário à hiperestimulação urbana, ou seja, um convite a uma pausa no cotidiano. Estar ao ar livre melhora o equilíbrio físico e emocional, a criatividade, a cooperação social e a concentração. "Saímos da rotina, pois ao estarmos em espaços coletivos, por mais que façamos isso sempre no mesmo horário, não teremos controle sobre o que iremos encontrar, estimulando-nos a lidar de forma saudável com o imprevisível", explica a psicóloga Ana Paula Camara. 

De acordo com a psicóloga, a urbanização e a popularização das tecnologias isolam as pessoas do contato com natureza, o que contribui para afetar a saúde socioafetiva de crianças, jovens e adultos. “Os parques mitigam esses efeitos e proporcionam alívio do estresse e da poluição. O simples contato visual com a natureza pode acalmar e auxiliar o cérebro humano a lidar com a fadiga e o cansaço mental promovido pelos diversos estímulos da cidade", explica. 

Um desses espaços é o Parque Jardim das Perdizes, na Zona Oeste da capital, inaugurado em 2016, com 45 mil m² de área verde, pista de corrida, ciclovia, playground, equipamentos de ginástica, bebedouros para pets e obras de arte de Tomie Ohtake, Daisy Nasser e Bia Doria. Sua infraestrutura inclusiva, certificada com o Selo de Acessibilidade, também é um exemplo para outras unidades. O local é um "bolsão" aberto em meio a torres residenciais, o que contribui para revitalizar o entorno e melhorar a qualidade de vida da população.  

O arquiteto Itamar Berezin elenca as principais funções dos parques em uma metrópole como São Paulo. Segundo o profissional, além de ajudar a regular o clima e a umidade e favorecer a biodiversidade, representam uma opção sustentável para combater as ilhas de calor e reduzir o ruído do intenso tráfego urbano. “Eles criam espaços de respiro nesta imensa cidade, com equipamentos de lazer e vegetação que propiciam o bem-estar físico e mental, onde crianças, jovens e adultos se encontram”, diz. 

E foi para melhorar a qualidade de vida que o empresário Luca Savoia decidiu se mudar para ficar mais perto do Parque Jardim das Perdizes em 2018. "Não preciso me deslocar, pois ele fica ao lado da minha casa. Corro e caminho aqui para cuidar bem da minha saúde. É um ambiente limpo, familiar e silencioso. Acho interessante que os moradores também zelam pelo local", explica. 

 
Parques urbanos como aliados da saúde das crianças  

Os parques urbanos são alternativas para as crianças reduzirem o tempo de uso de dispositivos eletrônicos. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) alerta que a utilização constante de celulares, entre outras telas, pode afetar a visão dos pequenos. Oftalmologistas relataram fator de risco para miopia, acompanhados de sintomas extraoculares como dores no ombro e pescoço, cefaleia e dor nas costas.  

Segundo a pediatra Denise Lellis, autora do livro Primordial - Um Livro Pela Infância em seu Pleno Potencial: Nutrição, Comportamento e Estilo de Vida em Pediatria, a exposição ao sol em parques oferece vantagens imunológicas, melhora a saúde dos olhos e facilita a conversão de vitamina D, essencial para a saúde óssea. “A falta de exposição à luz natural está associada ao aumento de miopias graves”, complementa.  

A médica explica ainda que a exposição ao sol e a prática de atividades físicas são fundamentais para manter a longevidade. “Os seis pilares do estilo de vida saudável incluem alimentação balanceada, prática de atividades físicas e de preferência ao ar livre, sono de qualidade, conexões sociais, redução de estresse e moderação no consumo de álcool entre outras substâncias e medicamentos. Estudos na área apontam 20 anos de vida a mais para pessoas que mantenham esses pilares em suas vidas”, pontua. 

Além disso, desde 2019, a SBP trabalha com o Programa Criança e Natureza para orientar e inspirar pediatras, famílias e educadores sobre a relevância do convívio de crianças e adolescentes em meio à natureza para contribuir com o bem-estar e as saúdes física e mental. Para a entidade, a urbanização resultou em um distanciamento da natureza, redução das áreas naturais e o aumento da poluição. Ainda segundo a Sociedade garantir que as crianças tenham uma infância rica em contato com a natureza é uma responsabilidade compartilhada. 

De acordo com Lellis, a interação com a natureza aumenta a resistência e a tolerância à frustração e reduz os níveis de ansiedade e de estresse. “A atividade física ao ar livre eleva a endorfina, combate o sedentarismo e os efeitos negativos do uso excessivo de telas, que prejudica essas interações e afeta o desenvolvimento emocional, cognitivo e imunológico das crianças”, afirma. 

Para evitar o excesso de exposição às telas, pelo menos uma vez por semana, a empreendedora Daniela Ruelli leva os filhos, Henrique, 9, e Isabela, 3, para brincar no Parque Jardim das Perdizes e em clubes da cidade. “A Isabela ainda não tem contato com dispositivos digitais, enquanto o Henrique os utiliza apenas uma hora por dia. A redução do tempo de tela foi uma recomendação da pediatra”, comenta. 

Em um contexto em que o uso excessivo de telas preocupa especialistas em saúde, oferecer às crianças a oportunidade de brincar ao ar livre contribui com o crescimento saudável. "Tenho muita preocupação com o desenvolvimento deles, pois o uso excessivo de dispositivos eletrônicos faz mal e ainda gera ansiedade e estresse. Prefiro que eles tenham essa troca com a natureza e melhorem a parte emocional para se relacionar bem com outras crianças”, explica a empreendedora. 

Para finalizar, Denise Lellis ressalta que os parques urbanos ajudam a promover um estilo de vida mais saudável em uma sociedade digital. "As pessoas valorizam cada vez mais os seguidores e os likes, mas é fundamental valorizar a saúde e o bem-estar. Oferecer espaços verdes e incentivar o uso desses parques pode ajudar a combater os efeitos negativos da vida digital e proporcionar um ambiente mais sadio tanto para crianças quanto adultos”, aponta. 

Parques em São Paulo 

O Parque Jardim das Perdizes, onde Daniela leva seus filhos, fica aberto das 5h às 22h, todos os dias da semana.  Bicicletas, patins e skates são permitidos nas áreas designadas. Também é permitida a entrada de animais domésticos com coleira e guia. Não há lanchonetes no local, por isso é recomendado levar lanches, mas churrasqueiras e fogueiras são proibidas. Para aproveitar bem o local, escolha a atividade de sua preferência e não esqueça o protetor solar. Além deles, a capital oferece diversas opções de parques urbanos para lazer e descanso. Entre eles estão: Parque Ibirapuera, Parque da Independência, Jardim Botânico, Parque Villa-Lobos, Parque da Aclimação, Parque da Água Branca, Parque Ecológico do Tietê, Horto Florestal, Parque Ecológico do Guarapiranga, Parque do Carmo, Parque do Piqueri, Parque Cidade de Toronto, Parque Santo Dias, Parque Buenos Aires, Parque Augusta-Prefeito Bruno Covas, Parque Mário Covas, Parque Trianon, Parque do Centro Recreativo e Esportivo do Trabalhador (CERET), entre outros. 

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