Inteligência Artificial na educação e o valor da mentoria humana
Redação Correio Regional São Paulo 
Por Pedro Gesteira*
Durante a Bett Educar, uma das maiores feiras de educação do Brasil, pude observar de perto as inovações e tendências que estão moldando o futuro da educação. Entre as diversas soluções apresentadas, chamou minha atenção a crescente presença da Inteligência Artificial (IA) em ferramentas educacionais, especialmente na figura do tutor-IA. Porém, ao refletir sobre o assunto, questiono se essa abordagem está realmente alinhada com o desenvolvimento pleno dos estudantes.
A IA tem o potencial de revolucionar a forma como aprendemos e ensinamos, oferecendo personalização, adaptação e eficiência sem precedentes. No entanto, é fundamental reconhecer suas limitações e entender que, quando se trata de educação, a interação humana desempenha um papel insubstituível.
A fase escolar é um período crucial para o desenvolvimento do indivíduo, não apenas em termos de conhecimento acadêmico, mas também de autoconhecimento e habilidades socioemocionais. Como afirmava Sócrates, "conhece-te a ti mesmo". Nesse contexto, é inegável que a presença de mentores humanos é essencial para guiar os jovens nessa jornada de descoberta.
Ao contrário de um tutor-IA, cujo conhecimento é baseado em algoritmos e dados, um mentor humano é capaz de oferecer empatia, experiência e conexão emocional. Ele não apenas transmite conhecimento, mas também compartilha histórias, valores e aprendizados pessoais, inspirando e motivando o estudante a alcançar seu máximo potencial.
Além disso, a mentoria humana desempenha um papel fundamental no engajamento do aluno. Sabemos que, nos tempos atuais, é um desafio envolver os jovens no processo educacional, e a simples presença de um tutor-IA não é suficiente para superar essa barreira. É preciso estabelecer uma relação de confiança e criar um ambiente de aprendizagem estimulante, no qual o estudante se sinta valorizado e motivado a se dedicar.
Acredito que a IA deve ser vista como uma ferramenta complementar, não como uma substituta da mentoria humana. Defendo a utilização de tecnologias de IA para otimizar o processo de matching entre mentor e aluno, levando em consideração afinidades, objetivos e perfis comportamentais. Dessa forma, garantimos uma conexão significativa e eficaz, potencializando os benefícios da interação humana com o suporte da tecnologia.
O futuro da educação certamente será moldado pela IA, e é importante explorar seu potencial para aprimorar a aprendizagem. No entanto, devemos ter em mente que a educação é um processo complexo, que vai além da transmissão de informações. Ela envolve o desenvolvimento integral do indivíduo, e nessa jornada, a mentoria humana desempenha um papel insubstituível. Afinal, a educação é sobre pessoas, e é com base nessa premissa que devemos construir o futuro da aprendizagem.
(*) CEO (diretor executivo) A Mentoria.
