EUA atraem quantidade recorde de brasileiros com habilidades excepcionais

Brasil é o 3º país com maior fuga de cérebros; engenheiros, profissionais de TI, empresários e trabalhadores da saúde estão entre os que mais saem do País

EUA atraem quantidade recorde de brasileiros com habilidades excepcionais

O número de profissionais qualificados que deixaram o Brasil rumo aos Estados Unidos bateu recorde em 2023. Segundo um levantamento da AG Immigration, escritório de advocacia imigratória especializado em green cards11.751 brasileiros receberam os vistos americanos EB-1 e EB-2 no ano passado – alta de 58,4% sobre 2022 e maior volume da história

O programa EB foi criado na década de 1990 para atrair trabalhadores estrangeiros e preencher lacunas no mercado de trabalho americano. Dois vistos do programa – EB-1 e EB-2 – são destinados a profissionais com habilidades acima da média nas áreas de negócio, artes, ciências, tecnologia, educação e esportes.

Enquanto o EB-1 é voltado para os 5% mais destacados de uma indústria, o EB-2 é para os 20%”, explica Leda Oliveira, CEO da AG Immigration, destacando que ambos os vistos dão direito ao green card – a residência permanente dos EUA.

O Brasil foi o terceiro país que mais teve cidadãos recebendo os green cards de EB-1 e EB-2 no ano passado, atrás apenas da China (20.905) e da Índia (13.378). Enquanto a primeira leva muitos pesquisadores e cientistas para os EUA, a última se notabiliza pelo fornecimento de mão de obra tecnológica. 

Segundo a CEO (diretora executiva) da AG Immigration, existem basicamente dois grandes perfis que se qualificam para os vistos EB-1 e EB-2: trabalhadores com ensino superior e mais de dez anos de carreira e profissionais que, mesmo sem algum tipo de diploma, têm uma trajetória de sucesso em suas áreas de atuação.

Estamos falando de pesquisadores, engenheiros, dentistas, enfermeiros, médicos, bancários, analistas de investimento, pilotos de avião, desenvolvedores, analistas de TI, cientistas de dados e profissionais de áreas como marketing, comunicação, economia, vendas e RH, assim como empresários, artistas e atletas”, exemplifica Leda, que há 14 anos mora nos EUA.

Separadamente, foram 3.951 emissões de EB-1 e 7.800 de EB-2 para brasileiros no ano passado. Em ambos os casos, também se trata do maior volume já registrado por visto. “Não há profissão que não possa ser elegível aos vistos EB. Depende apenas de o candidato atender aos requisitos estabelecidos em lei. Há, porém, um processo um pouco mais facilitado para especialistas na área de STEM”, diz Leda, em referência à sigla em inglês para os campos da ciência, tecnologia, engenharia e matemática, considerados de importância nacional para o governo estadunidense.

Mudança no perfil do brasileiro que vai para a América

Para trabalhadores que não atendem aos critérios de qualificação acima da média do EB-1 e do EB-2, existe ainda o visto EB-3. Com uma destinação bastante ampla, ele serve tanto para profissionais com ensino superior quanto para aqueles que nem sequer têm o ensino médio. 

O EB-3 é destinado a um leque muito maior de pessoas, mas que exige que o imigrante tenha uma oferta de emprego. Por isso, é um visto muito utilizado por empresas de fast food, hospitalidade e logística para a contratação de atendentes, cozinheiros, balconistas, faxineiros e motoristas, por exemplo, embora também seja usado para a contratação de executivos, gerentes e profissionais de áreas diversas”, explica a CEO (diretora executiva) da AG Immigration.

No ano passado, 2.158 brasileiros receberam o visto EB-3 – queda de 36,6% em relação a 2022. Foi a sétima nacionalidade no ranking de maiores recebedores do visto. A lista é liderada por filipinos (13,6 mil), indianos (4,7 mil) e chineses (4,2 mil).

De acordo com Leda, o fato de os brasileiros receberem mais vistos EB-1 e EB-2, voltados a profissionais altamente qualificados, do que EB-3 mostra uma mudança no perfil do imigrante que vai para os EUA. 

Cada vez mais, o Brasil tem se tornado fornecedor de mão de obra qualificada para outros países, como os EUA, resultado de investimentos na área da educação superior e, ao mesmo tempo, da falta de oportunidade que esses trabalhadores encontram dentro do país”.

Países que mais recebem vistos EB-1 e EB-2 em 2023

  1. Índia: 20.905
  2. China: 13.378
  3. Brasil: 11.751
  4. Coreia do Sul: 5.684
  5. Canadá: 4.152
  6. México: 3.861
  7. Grã-Bretanha e Irlanda do Norte: 3.677
  8. Irã: 2.987
  9. Venezuela: 2.268
  10. França: 2.231
  11. Colômbia: 2.171
  12. Bangladesh: 2.148
  13. Rússia: 2.039
  14. Taiwan: 1.916
  15. Nigéria: 1.822

Série Histórica - Emissão de vistos EB-1 e EB-2 para brasileiros