Sports Summit São Paulo 2024: O esporte além do esporte

Uma das maiores cúpulas voltadas à indústria do esporte aconteceu em maio no Hotel Hilton São Paulo Morumbi, e o Correio te conta como foi!

Sports Summit São Paulo 2024: O esporte além do esporte

Por Guilherme Conde

São Paulo (SP) - Sabemos que o futebol é muito mais que um esporte. E sabemos que o esporte vai muito além da competição. Os Jogos Olímpicos não começaram, tampouco a Copa do Mundo vai começar em breve. Entretanto, tudo isso foi discutido.

Aconteceu, entre 07 e 09 de maio de 2025, o Sports Summit São Paulo, no hotel Hilton Morumbi, na Zona Sul da Capital Paulista.

Durante três dias, uma série de palestras e debates sobre tudo que permeia não apenas o futebol, mas outros esportes, e até, os esportes eletrônicos, os chamados e-sports.

Além dos clubes painelistas, tiveram presentes representantes de clubes nacionais e internacionais, e startups que estão relacionadas ao esporte, foram expositoras no Hilton.

Tivemos a honra de dividir espaço com os parceiros de mídia oficiais da cúpula, como a CNN Brasil, Grupo Globo (Canal Sportv), e o canal ESPN, pertecente à Companhia Walt Disney (The Walt Disney).

Falando em ESPN Brasil, na quarta-feira (08) pela manhã, teve a gravação do programa Resenha ESPN, apresentado por André Plihal e comentários de Luís Fabiano (ex-atacante da Seleção Brasileira e Campeão da Copa Sul-americana de 2012 com o São Paulo Futebol Clube) e Fernando Prass (administrador, ex-goleiro e Campeão da Copa do Brasil de 2012 com a Sociedade Esportiva Palmeiras).

(Luís Fabiano, André Plihal e Fernando Prass, na gravação do Resenha ESPN/Foto: Guilherme Conde)


Tivemos a alegria de participar da gravação, tendo a chance de fazer uma pergunta para cada um dos integrantes do programa. Deixando de lado o clubismo, Fernando Prass foi questionado sobre a sua terra natal, o estado do Rio Grande do Sul. Confira a resposta do ex-goleiro campeão pelo Palmeiras:

"É uma coisa que no Brasil, a gente não está acostumado. O Brasil é um país continental, com acontecimentos climáticos, mas não desse tipo de proporção em um centro urbano, impactando tanta gente, né? A tragédia é dimensionada pela quantidade de vidas que ela impacta, e as vidas que foram impactadas e que vão ser impactadas por essa tragédia, a quantidade é absurda. (...) O principal é se recuperar na questão psicológica, porque as pessoas que perderam amigos e parentes, é a maior perda. Mas depois, vem a reconstrução, e depois vai passar essa onda de comoção, de solidariedade. Infelizmente, vai passar, não tem como, isso é histórico! Quando a gente generaliza, cometemos injustiças. A gente vê algumas cenas maravilhosas de colaboração, de solidariedade, mas também pequenas cenas lastimáveis, de saques, de roubos, enfim, de golpes, mas isso, é minoria. Foi comprovado que o brasileiro é um povo solidário, é proativo. A lição que o povo está dando, tirando as exceções, é maravilhosa! Só que, o mais maravilhoso, e está a ter um efeito sensacional, é que, sem o povo, a situação estaria bem pior. E vai ter o segundo momento, que são as ações do poder público. É aí que vem o problema! A resposta que vem do poder público, historicamente, sempre foi negativa, sempre foi péssima! Para não dizer, pífia, ridícula! Acredito que, por ser um centro urbano muito grande, as pessoas vão ficar próximas aos órgãos públicos competentes, aos órgãos de poder, seja a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, Prefeitura de Porto Alegre. Eu acho que é o momento da gente conseguir impactar na gestão pública de uma forma mais consistente, não deixar isso apagar, e aproveitar essa grande tragédia de ter uma mudança de comportamento, primeiro do povo, a mudança não vai vir debaixo pra cima, e sim de cima para baixo, para gente impactar o mínimo na gestão pública, que é o câncer desse país".

Como diria Milton Neves, "o gaúcho é o povo mais culto do Brasil". Não é por acaso. Prass não é técnico para ser chamado de professor, mas deu uma verdadeira aula de civilidade.

Destaques

Conforme dito anteriormente, o Sports Summit contou com expositores na área "Innovation Hub", que contou com startups nacionais e internacionais. Tivemos acesso à quatro delas: Fotop, Veo, Retize e Esporte Educa. Exceto a Veo, as outras três são brasileiras.

Uma câmera (bem) diferente

Integrante da estadunidense Scouting Labs, a Veo é uma câmera com tecnologia desenvolvida na Dinamarca feita para o esporte nos dias de hoje. Com uma espécie de "casco de tartaruga", a Veo é uma câmera com visão 180º que tem capta todos os movimentos detalhados de quem está na partida. E não só isso: através da inteligência artificial, quem estiver assistindo a partida ou o treinamento, pode ter informações específicas sobre os atletas em campo. Impressionante!

Tendo Kevin De Bruyne (meio-campista belga campeão mundial interclubes com o Manchester City em 2023) como garoto-propaganda, conversamos com a gerente comercial da Veo Malena Miralles que nos explicou tudo sobre a Veo.

(Malena Miralles, gerente comercial da Scouting Labs, desenvolvedora da câmera Veo/Foto: Guilherme Conde)

Embora tenha um nome hispânico (Veo, é "vejo" em espanhol), a Veo é dos Estados Unidos, mas Miralles, responsável pela América Latina é nossa hermana (e "hincha" - torcedora - do atual vice-campeão da Taça Libertadores da América, o Club Atlético Boca Juniors).

Questionada sobre se algum clube brasileiro a procurou, Malena nos disse que o Tigre do ABC se interessou pela Veo. O São Bernardo Futebol Clube, que atualmente disputa a Série C do Campeonato Brasileiro, foi, até o momento de nossa conversa, o único clube brasileiro a acertar com a câmera esportiva.

"Embora o (Club Atlético) River Plate (da Argentina) já trabalhe conosco, a Veo é ideal para clubes menores que não tem um poderio financeiro para investir em tecnologia. É acessível sim, e ela (a câmera Veo) funciona bem em todos os campos da América Latina", afirmou Miralles.

Você, bem na foto

Voltando para o Brasil, conhecemos a Fotop, plataforma fotográfica que oferece algo bem diferente em um mercado altamente volátil como o da fotografia.

Pela plataforma da Fotop, você pode ter acesso à fotos concentradas em você. Não, não é "selfie premium", pelo contrário. Por exemplo, estávamos assistindo às plenárias do Sports Summit, e os fotógrafos da equipe Fotop, clicaram toda a platéia, e as lentes conseguiam captar apenas você através da inteligência artificial.

( da esq. para dir., Heloíza Carvalho, gerente de marketing, Cristiane Savieto, diretora comercial e Poliane Silveira, da equipe comercial da Fotop/Foto: Guilherme Conde)

Sim, você faz um cadastro na plataforma, sobe uma selfie sua (uma normal, tá?), e a IA da plataforma vai te reconhecer em todas as fotos captadas na plataforma da Fotop. Incrível!

A plataforma serve tanto para atletas e demais clientes, como fotógrafos, podem se cadastrar na Fotop, e as fotos podem ser captadas e comercalizadas.


Fazendo conexões "tocando de primeira"

Estamos no advento do marketing esportivo, onde clubes e atletas buscam patrocínio e visibilidade. Claro, não dá para fazer isso sem a tecnologia.

Eis que surge a Retize Media Network, uma rede de mídia esportiva onde, através de dados de um clube (ou liga), consegue montar anúncios direcionados em todo tipo de mídia digital, seja essa mídia esportiva (principalmente), ou não.

Isso faz com se crie os chamados "Smart Ads", ou anúncios inteligentes, para que a marca tenha um retorno totalmente voltado para a sua audiência.

(Equipe da Retize no Sports Summit São Paulo 2024/Foto: Divulgação)


A Retize conta com parceiros como: o Banco Itaú, Samsung, a Liga Paulista de Futsal e o Esporte Clube Vitória (da Bahia, que disputa a Série A do Campeonato Brasileiro em 2024) e a Imperial E-Sports.

Inclusive, presenciamos agremiações tradicionalíssimas conversando com a Retize, como o Paysandu Sport Club (de Belém do Pará, que disputa a Série B do Campeonato Brasileiro em 2024) e o Esporte Clube Pinheiros.

O que a Retize faz, foi tema do último painel de quarta, sobre marketing esportivo (foto abaixo): como gerar novas fontes de receita. Literalmente, realizando conexões, como dizemos no futebol: "tocando de primeira".

Salvando vidas, pela educação. Por causa de um amigo!

Tivemos uma excelente conversa com o também speaker Iván Ballester, fundador e diretor executivo da Esporte Educa.

A startup começou por causa de um amigo, literalmente.

Ballester foi jogador de futebol profissional até os 21 anos. Começou sua carreira no tradicional Nacional Atlético Clube, da Barra Funda aos 13 anos de idade.

Mas foi na Espanha, mais precisamente em Valencia, que Iván descobriu uma lesão crônica que o levou a encerrar a carreira de jogador mais cedo. Voltou para São Paulo estudar marketing na Faculdade Rio Branco.

Ao retornar, descobriu com um amigo, que jogava com ele na Espanha, que dividia quarto, virou traficante e foi preso. Tudo porque não teve base educacional para conseguir seguir uma vida fora do futebol.

Indignado com a situação, Iván começou a observar as cadeiras vazias da faculdade onde estudava. Foi então, que teve a ideia de aproveitar as cadeiras ociosas para fornecer vagas a atletas.

Munido de dados, e também sendo presidente da associação atlética acadêmica da faculdade na época, Ballester teve a aprovação do reitor para trabalhar a ideia dentro da instituição.

Após quatro anos na Faculdade Rio Branco, Iván foi trabalhar em uma grande agência de marketing esportivo, onde aprendeu tudo da indústria e do mercado. Depois de toda essa bagagem, fundou a Esporte Educa.

(Iván Ballester, fundador e diretor-executivo (CEO) da Esporte Educa/Foto: Guilherme Conde)

A Esporte Educa, desde sua fundação em 2019, passou por três fases de aporte, e chegaram a ser reconhecidos pela Associação Brasileira da Indústria do Esporte, com a maior inovação no esporte, representando o Brasil na Europa e no Oriente Médio.

Hoje com 700 atletas, questionamos Ballester sobre quais histórias de atletas chamaram mais a sua atenção. Iván citou Estelinha, atleta - e capitã - do Red Bull Bragantino, que se formou na mesma Rio Branco de Ballester, e Paulo Haring, ex-atleta que não conseguiu permanecer na carreira de jogador de futebol, mas era bolsista de administração e conseguiu ser gerente na divisão de alta renda de um grande banco brasileiro. Além do influencer Lucaneta, que passou pelo quadro de atletas da startup.

Questionado sobre os próximos passos, Ballester nos informou que chegaram a captar recentemente quase 2 milhões, e querem fechar o ano com 10 mil atletas. Desenvolveram mais três unidades de negócio além das bolsas de estudo e que possuem três grandes objetivos: aumentar a tecnologia, levar esportistas para a educação e levar a educação para os clubes e entidades esportivas.

Por fim, a Esporte Educa desenvolveu um Marketplace onde as escolas ofertam suas vagas ociosas com a porcentagem de bolsas de estudo, e o intercâmbio esportivo, levando atletas brasileiros com a oportunidade de estudar e competir por faculdades no Canadá e Estados Unidos.

Desenvolveram também uma plataforma semelhante à uma grande plataforma de streaming de filmes e séries, com cursos que podem ajudar os atletas a aprimorarem as chamadas soft skills, dentro do conceito de micro-learning (aprendizado ultradirecionado).

Novamente, tudo isso por causa de um amigo que não teve oportunidade! Ainda vamos ouvir falar muito da Esporte Educa!

Guerreiras Grenás no Super Mundial de Clubes

Muitos clubes participaram do Sports Summit, como já ressaltamos e vamos novamente ressaltar, e um clube em especial chama a atenção pelo projeto bem sucedido.

Estamos a falar sobre o futebol feminino da Associação Ferroviária de Esportes, ou como chamamos, a Ferroviária de Araraquara. O Correio conseguiu conversar com Ingrid Molan e Vitória Mendes, gerente de marketing e supervisora da base feminina, respectivamente.

Descobrimos que o projeto do futebol feminino começou há quase 25 anos, sem obrigação de federações e/ou confederações, e com a iniciativa da Prefeitura de Araraquara.

(Ingrid Molan, gerente de marketing e Vitória Mendes, supervisora da base feminina da Ferroviária de Araraquara/Foto: Guilherme Conde)

Questionamos Molan e Mendes sobre um super mundial de clubes feminino com a participação da Ferroviária. "Seria legal", disse elas.

No entanto, a Federação Internacional das Associações de Futebol (FIFA) anunciou o Super Mundial de Clubes Feminino em 2026. E sim, a Ferroviária tem chance de disputar!

Sobre o próximo passo na estrutura do clube, Ingrid e Vitória afirmaram que seria o centro de treinamento voltado ao futebol feminino.

Desejamos muita sorte às Guerreiras Grenás no Super Mundial de Clubes, certeza que terá a torcida de todo o estado (inclusive das torcidas dos grandes clubes paulistas que também vão disputar a competição)!

Números Finais

Foram 150 palestras, 4500 visitantes nacionais e internacionais, representates de clubes do Brasil, Argentina e Espanha. Teve avant-premiére (lançamento) da série documental "Romário: O Cara", da Max, através de um trecho bem longo.

(Erich Beting e os diretores de marketing de Flamengo, São Paulo e Palmeiras/Foto: Guilherme Conde

Não podemos esquecer do tributo à Ayrton Senna, através de uma palestra de Everton Fulini, vice-presidente do Instituto Ayrton Senna. Aliás, o Sports Summit São Paulo respirava Senna. Havia o backdrop (fundo) usado na sua última vitória em Interlagos, no Grande Prêmio do Brasil de 1991, e o icônico e lendário capacete do piloto paulistano.

(Uma anedota: na quarta (08), teve o segundo jogo da semifinal da UEFA Champions League, entre Real Madrid e Bayern de Munique. Entre uma palestra e outra, este repórter foi - rapidamente - acompanhar o segundo tempo da partida no restaurante do hotel Hilton. Deu tempo de vibrar com o gol de Alphonso Davies, mas após a virada do Real Madrid, para alegria dos espanhóis que vieram acompanhar o Sports Summit, este repórter "precisou" voltar ao trabalho...!)

As próximas edições do Sports Summit vão ocorrer em Miami (EUA) e na Cidade do México ainda em 2024. Como a edição de 2024 foi a segunda, a terceira edição, em 2025, você sabe onde vai acompanhar!