Os impactos do Etarismo no ambiente de trabalho afetam uma série de idades

Os impactos do Etarismo no ambiente de trabalho afetam uma série de idades

Por Patricia Punder*

O etarismo, ou discriminação etária, é um problema crescente no ambiente de trabalho que afeta dos trabalhadores mais jovens até os mais velhos. Trata-se de preconceitos e estereótipos baseados na idade, que podem influenciar a contratação, ou não, deste profissional, assim como a forma que são tratados durante avaliações para promoções dentro de uma organização.

Embora muitas vezes seja direcionado a trabalhadores mais velhos, o etarismo também pode impactar os jovens, que podem ser vistos como inexperientes ou menos competentes devido a sua idade. Em alguns casos, trabalhadores mais jovens são desconsiderados para funções de liderança ou projetos estratégicos por conta da percepção equivocada de que lhes faltam maturidade e responsabilidade.

No caso dos trabalhadores mais velhos, o etarismo frequentemente se manifesta na decisão por não contratar ou na exclusão de oportunidades de promoção, treinamentos e projetos importantes. À medida que envelhecem, estes profissionais podem ser percebidos como menos flexíveis, incapazes de aprender novas habilidades ou menos adaptáveis às mudanças tecnológicas e organizacionais. Essa discriminação se agrava em setores altamente tecnológicos, onde a inovação e a adaptabilidade são extremamente valorizadas.

Essas percepções podem levar a marginalização desses colaboradores, que acabam sendo subutilizados ou até forçados a se aposentar precocemente. Ou, em situação pior, ficarem sem condições de arcar suas subsistências por ficarem desempregados. Essa exclusão não só prejudica os trabalhadores mais velhos, como também priva as organizações de sua vasta experiência e conhecimento.

Além disso, o etarismo também pode afetar a saúde mental e bem-estar dos trabalhadores mais velhos. Sentir-se desvalorizado ou descartável no ambiente de trabalho pode levar a sentimentos de ansiedade, depressão e baixa autoestima. Esses impactos psicológicos podem resultar em maior absenteísmo e, em casos extremos, levar ao abandono do emprego por exaustão mental. Esse ambiente negativo não apenas impacta o desempenho individual, mas também a moral geral da equipe, criando uma cultura de trabalho tóxica.

Por outro lado, trabalhadores mais jovens também podem ser afetados. Apesar de terem energia, novas ideias e uma mentalidade aberta para mudanças, eles podem sofrer o preconceito que os classificam como imaturos ou incapazes de assumir responsabilidades maiores. Essa percepção pode levar ao engessamento das oportunidades de crescimento dentro da organização, criando um ciclo onde a falta de desafios impede o desenvolvimento das habilidades necessárias para avançar na carreira. Em algumas empresas, os jovens podem ser subestimados e limitados a tarefas de baixo valor, o que dificulta seu crescimento profissional e a aquisição de novas habilidades. Essa visão limitada sobre a capacidade dos jovens trabalhadores pode resultar em um ambiente que não valoriza a inovação e que perde oportunidade de explorar novas perspectivas.

O etarismo no ambiente de trabalho não é apenas uma questão de justiça e igualdade, mas também um desafio estratégico para as organizações. Empresas que não abordam a discriminação etária corre o risco de criar equipes desequilibradas, onde o potencial dos funcionários não é plenamente aproveitado. Além disso, ignorar a diversidade etária pode levar a um aumento da rotatividade de funcionários e à perda de talentos, resultando em custos elevados de recrutamento e treinamento.

Em um mercado de trabalho competitivo, é crucial que as organizações reconheçam o valor de uma força de trabalho diversificada em termos de idade. Profissionais de diferentes faixas etárias trazem diferentes perspectivas, experiências e habilidades para a mesa, e essa diversidade pode ser uma grande vantagem competitiva.

Para combater o etarismo, as empresas precisam adotar práticas inclusivas que valorizem os funcionários de todas as idades. Isso inclui em primeiro lugar a conscientização da Alta Direção. Além da criação de programas de treinamento e desenvolvimento que sejam acessíveis a todos, independentemente da idade, bem como políticas de contratação, promoção e progressão de carreira baseado em fatores objetivos e não apenas em preconceitos relacionados com a idade. Essas políticas devem ser continuamente revisadas e ajustadas para garantir que estejam promovendo um ambiente realmente inclusivo.

A Alta Direção tem a responsabilidade de promover uma cultura organizacional que expresse os benefícios da diversidade etária e reconheça o valor único que cada funcionário traz para a empresa. Essa liderança deve se estender à implementação de métricas para monitorar o progresso na inclusão etária e garantir que as práticas discriminatórias sejam identificadas e eliminadas.

(*) Advogada e CEO (diretora executiva) da Punder Advogados.

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