Análise sobre a nomeação de Gabriel Galípolo na presidência do Banco Central

Especialistas analisam a nomeação do economista para assumir o BC

Análise sobre a nomeação de Gabriel Galípolo na presidência do Banco Central
Nessa quarta (28), o ministro da Fazenda Fernando Haddad (PT) anunciou à imprensa que o diretor de política monetária do Banco Central Gabriel Galípolo, será o indicado pelo presidente Lula (PT) a substituir Roberto Campos Neto na presidência do Banco Central.
Confira comentários de especialistas sobre a nomeação:
Para Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital:
Desde meados do ano passado, seu nome já estava vinculado ao Copom, e as preocupações iniciais sobre uma possível influência política petista foram sendo gradualmente dissipadas. Em primeiro lugar, Galípolo demonstrou uma postura consistente com o mandato da instituição, adotando uma abordagem firme na condução da política monetária, especialmente quando as expectativas de mercado se desestabilizaram. Em segundo lugar, seus discursos e atitudes têm sido muito semelhantes aos dos outros membros do Copom, incluindo aqueles indicados pelo governo anterior, o que evidencia a prevalência do critério técnico nas decisões de política monetária entre os indicados pelo novo governo. Em terceiro lugar, o Banco Central está agora protegido por normas e regras que evitam ingerências políticas e pressões do Executivo. Nesse contexto, o período em que Galípolo integrou o Comitê de Política Monetária ajudou a consolidar sua credibilidade no mercado, reduzindo significativamente as preocupações que antes cercavam seu nome. Portanto, quando Gabriel Galípolo assumir a presidência do Banco Central, a instituição deverá continuar a focar com responsabilidade nas suas metas primárias, especialmente no controle da inflação.
Para Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos:
Não é uma grande surpresa que Gabriel Galípolo tenha sido confirmado como o novo presidente do Banco Central, especialmente considerando que desde sua entrada no governo como o número 2 de Haddad já havia especulações sobre sua possível indicação para o cargo. Sua nomeação para o cargo de diretor foi praticamente confirmada, e, embora houvesse algumas especulações de que ele não seria o escolhido, grande parte do mercado já esperava por isso.
O fato de Galípulo ter sido diretor é positivo, pois ele já foi amplamente testado em suas opiniões sobre política monetária e a condução do Banco Central. Ele teve algumas divergências com o presidente Roberto Campos Neto, como vimos em momentos de votação dividida e em debates com outros diretores sobre o início do ciclo de corte de juros.
Agora, resta entender como Galípulo abordará questões como a interferência no câmbio. O ministro Haddad e sua equipe política criticaram Campos Neto por permitir uma valorização excessiva do câmbio sem suavizar o movimento. Será importante observar como Galípulo lidará com futuros ajustes nas metas de inflação e como conduzirá o ciclo de corte de juros, dado que estamos em um período de juros restritivos que eventualmente precisarão ser reduzidos. Precisaremos ver como ele comunicará essas mudanças ao mercado e se o mercado será receptivo a uma taxa mais baixa.
Acredito que, por ter sido diretor, Galípolo não provocará tanta volatilidade quanto teria sido o caso se o Banco Central não fosse independente e ele fosse indicado logo no início do mandato de Lula. Existem outros nomes que poderiam ter sido escolhas melhores? Pode ser que sim. Assim como talvez houvesse outros nomes melhores do que Roberto Campos Neto, pode ser que Galípolo possa conduzir o Banco Central de forma mais eficaz. Vale lembrar que, embora Campos Neto tenha alcançado a meta de inflação em 2019, ele não manteve a inflação dentro da meta nos anos seguintes. Galípolo pode ter a oportunidade de manter a inflação mais próxima do limite superior da meta, o que, considerando o histórico recente, não seria necessariamente negativo.

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