Mubadala abrirá bolsa no Brasil: Economista alerta para benefícios e desafios

Mubadala abrirá bolsa no Brasil: Economista alerta para benefícios e desafios

*Por Yvon Gaillard

O estabelecimento de uma nova bolsa no Brasil tem o potencial de dinamizar o mercado financeiro nacional, que já possui solidez e um tamanho razoável, permitindo a acomodação de mais uma instituição de negociação. Resumindo, três benefícios seriam alcançados: maior competição, estimulando inovação; possivelmente, a B3 sentiria a necessidade de reduzir seus preços e simplificar o processo de entrada no mercado de capitais, fomentando, assim, o segmento de empresas médias no Brasil, atualmente pouco explorado.

Atualmente, o acesso a esse tipo de captação é predominantemente desfrutado por grandes empresas, resultando em IPOs significativamente dispendiosos no Brasil. Com a entrada de um novo concorrente, as empresas médias, até então pouco exploradas pela B3, teriam mais oportunidades no mercado de capitais, contribuindo para sua diversificação.

O mercado de capitais brasileiro, atualmente centrado em grandes empresas, limita as opções dos investidores em termos de acesso a boas ações e rentabilidades. Com a introdução de um novo participante, provavelmente impulsionando a competição, haveria um aumento nas opções de empresas e setores, como o mercado de tecnologia e startups. Diferentemente do mercado americano, atualmente as startups de porte médio não têm acesso a esse mercado.

Com a presença de um novo player, empresas com crescimento acelerado teriam um acesso facilitado a essa forma de captação, beneficiando os investidores ao potencializar a rentabilidade. Em última análise, o sentido econômico do movimento reside no crescimento econômico do país. Ao adicionar mais uma opção nesse setor, com um novo participante, haveria um aumento na quantidade de empresas e no potencial de crescimento, impulsionado pela competição e pela maior quantidade de investidores com acesso a esse mercado.

Desafios a serem superados

No entanto, enfrentamos diversos desafios. Cito três aqui. O primeiro é a liquidez inicial, exigindo um volume de investimento substancial, um desafio que pode ser superado pela Mubadala, dada sua considerável capitalização. A regulamentação é, provavelmente, o maior desafio para sua estabelecimento no Brasil, podendo retardar ou até desencorajar sua entrada no mercado brasileiro. A atração de grandes players para seu mercado e as migrações entre bolsas de valores são questões ainda pouco claras, especialmente no contexto brasileiro, onde não se vislumbra um processo de transição fácil para grandes players migrarem da B3 para a nova bolsa.

É um processo que requer análise cuidadosa para superar esses desafios. Em linhas gerais, concluindo, acredito que este é um movimento altamente positivo para o Brasil, com elevada probabilidade de sucesso, especialmente com a participação de um player global, detentor de potencial e histórico, capaz de explorar mercados ainda pouco desenvolvidos no país. Vejo com otimismo os próximos capítulos desse desenvolvimento.

(*) Yvon Gaillard é cofundador e CEO da Dootax.