Como a ansiedade afeta a vida

Em crianças e adolescente, a ansiedade pode apresentar sintomas emocionais, físicos, comportamentais e relacionados ao pensamento

Como a ansiedade afeta a vida

Segundo estimativas da OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde) o número de pessoas que sofrem com transtornos de ansiedade ultrapassa os 58 milhões a nível global.  Mesmo sendo uma reação natural do corpo relacionada à preocupação e ao medo, em excesso ela pode se tornar uma condição psicológica com sintomas mentais e físicos, que causam um impacto negativo na vida, nas atividades rotineiras e no bem-estar da pessoa.

A ansiedade pode afetar pessoas de todas as idades devido a desafios específicos encontrados em cada faixa etária. “Crianças e adolescentes podem sofrer com preocupações acadêmicas, dificuldade de aceitação em sua comunidade escolar, passar por mudanças familiares, entre outras situações. Já adultos podem enfrentar a ansiedade por desafios na carreira, lidar com suas finanças, relacionamentos, pressão para alcançar sucesso e frustrações em suas próprias expectativas. As pessoas de meia idade e idosos podem passar por questões de seu próprio envelhecimento, o luto pela perda de seus pais e amigos, a insegurança quanto a saúde dos seus filhos e netos, preocupação com a aposentadoria e até a possibilidade de lidar com a solidão”, comenta a educadora da Escola do Futuro Brasil, Jeniffer de Science.

Muitos podem confundir medo com ansiedade, mas a primeira sensação é uma reação natural do organismo diante de situações ou objetos específicos, que possam representar algum tipo de perigo ou ameaça, já a segunda emoção surge como um sentimento de antecipação ao futuro, gerando tensão. Ambas as reações são naturais, porém o excesso é prejudicial, podendo se tornar um transtorno com a necessidade da ajuda de um profissional de saúde para o diagnóstico e tratamento adequado.

Normalmente a ansiedade está relacionada às causas multifatoriais, cuja fonte pode ser fatores genéticos, gatilhos e traumas específicos; doenças físicas e distúrbios hormonais; fatores ambientais, como estresse em relacionamentos, trabalho ou estudo, entre outras coisas.  Além disso, os transtornos podem ser provocados por uma combinação entre dois ou mais fatores diferentes.  “Um dos prejuízos que a ansiedade pode causar é a redução da qualidade de vida uma vez que pode afetar o desempenho social e profissional. Muitas vezes pessoas ansiosas evitam interações sociais por sentirem o receio de serem julgadas, o que pode levar a um isolamento e sensação de solidão, podendo levar inclusive a outra questão de saúde, que é a depressão. A pessoa ansiosa pode sofrer também de baixa autoestima por sempre possuir uma visão negativa de suas ações, ela tende a possuir um grande senso de autocrítica”, explica Jeniffer.

Ansiedade em crianças e adolescentes

Em crianças e adolescentes, a ansiedade pode apresentar sintomas emocionais, físicos, comportamentais e relacionados ao pensamento, como tristeza, medo, culpa, preocupação e alterações de humor. Entre os sintomas comportamentais, pode acontecer crises de choro, falta de concentração, isolamento, alterações na forma de se alimentar; apatia; tremores; apego excessivo a um dos pais; cansaço; choro sem nenhuma explicação aparente; despertar assustado no meio da noite; insônia; diminuição no rendimento escolar;  falta de ar; isolamento; mudanças de humor repentinas; retraimento social; reações inesperadas a certas situações cotidianas; tensão muscular; coração acelerado; dores de cabeça, etc. Confira alguns exemplos de comportamento:

  • Ansiedade de separação: se manifesta por medo quando, por exemplo, está longe dos pais;
  • Fobias: medo extremo de uma coisa ou situação específica, como cães, insetos ou de ir a alguns lugares;
  • Ansiedade social: muito medo da escola e de outros lugares onde há pessoas;
  • Ansiedade geral: pessimismo, que se caracteriza com o excesso de preocupação com o futuro e as coisas ruins que possam acontecer;
  • Transtorno do pânico: acontecimentos repetitivos de medo intenso repentino, inesperado e associado a sintomas como palpitação, dificuldade para respirar, tontura, tremores ou suor.

Por isso, a família deve observar se a criança não está mais agindo de forma rotineira e se houve uma mudança nos seus comportamentos comuns.  Só assim será possível verificar se ela apresenta vários desses fatores em conjunto e investigar se é realmente um quadro de ansiedade além do normal. “Hoje infelizmente observamos nos estudantes de todas as idades uma maior incidência de ansiedade, com isso tanto os pais como a escola devem ficar atentos aos comportamentos deles na identificação do problema. Os educadores costumam relatar as famílias quando detectam comportamentos diferentes nos alunos e auxiliam na observação, temos uma rede de apoio para auxiliar os estudantes e suas famílias nestas questões. Mas, caso os sintomas sejam frequentes, as famílias devem buscar a melhor solução, consultar um pediatra que indicará o melhor tratamento de saúde, de forma que a dificuldade não se desenvolva para situações mais graves”, explica Ivone Muniz, diretora da EDF.

Como prevenir a ansiedade nas crianças e adolescentes

Segundo a psicanalista, psicopedagoga e educadora da Escola do Futuro, Silvia Tocci Masini, é preciso estimular o lazer e as brincadeiras para crianças e adolescentes, sem forçá-las a adotar uma vida de adulto com horários apertados e atividades excessivas. “Os pais não devem privá-los de explorar, brincar e aprender de maneira lúdica. Isso pode levar a um aumento do estresse, da ansiedade e da pressão, além de prejudicar o desenvolvimento saudável”, ressalta. 

Ela enfatiza que, para evitar que as crianças tenham comportamentos ansiosos, é fundamental que a família esteja presente em situações importantes, ouvir com atenção o que elas dizem, compreender suas necessidades e reconhecer seus sinais. “Isso envolve afastar as distrações excessivas com dispositivos digitais e criar oportunidades para compartilhar momentos preciosos em família, como desfrutar das refeições juntos. Essas práticas são essenciais para garantir que as crianças possam crescer de forma saudável e equilibrada”, aconselha. Além disso, os pais devem proporcionar aos filhos um ambiente tranquilo para que tenham um sono adequado; no dia a dia; agir com bom humor e leveza também é muito importante, pois o riso, a descontração e a alegria podem reduzir o estresse e a ansiedade; pensar numa alimentação balanceada, com alimentos que ajudam acalmar como vegetais, grãos e fontes de proteína magra, evitando fritura, açúcar refinado e bebidas industrializadas; e ainda estimular a prática de atividades físicas diariamente, como brincar, correr, pular, jogar bola, nadar, dançar, entre outras.

Ainda é recomendável investir tempo em práticas relaxantes, como ouvir músicas suaves ou louvores, ler um livro, contar histórias, assistir a bons filmes, orar com elas, desenvolver jogos em família, viajar, introduzir a fé cristã, entre outras. Mas, é bom ficar atento ao excesso de uso de TV, celular ou tablet, especialmente a noite, pois são estimulantes visuais e podem causar agitação em vez de relaxar. É muito importante definir o tempo de uso destes dispositivos eletrônicos.

O ponto importante é que os pais não podem, de forma alguma, desprezar os sentimentos dos filhos. Lembre-se que os medos e as preocupações da criança e do adolescente não são banais e sim questões relativas ao universo deles. A família também deve avaliar se eles não estão repetindo, atitudes ansiosas, nervosismo, irritabilidade, preocupação, medo, insegurança, pressa, urgência, entre outras atitudes, que já se tornaram frequentes no próprio ambiente familiar. “Mesmo que não encontre respostas, ofereça amor, apoio e deixe que a criança expresse suas emoções sem julgamentos ou repreensões. Com calma vá ensinando seu filho(a) a reconhecer os sentimentos e pensamentos, a exercerem fé e esperança, a pensar de forma mais saudável e a respirar com tranquilidade. Essas atitudes saudáveis, podem diminuir a ansiedade”, finaliza Ivone Muniz.