Kate Middleton, Fabiana Justus e Preta Gil: casos de câncer em pessoas abaixo dos 50 anos vêm aumentando em todo o mundo

Segundo pesquisa recente, o crescimento foi de quase 80 por cento dos diagnósticos nessa faixa etária nas últimas três décadas

Kate Middleton, Fabiana Justus e Preta Gil: casos de câncer em pessoas abaixo dos 50 anos vêm aumentando em todo o mundo

Preta Gil, Fabiana Justus e Kate Middleton. Três mulheres jovens que recentemente se viram enfrentando um desafio comum: o diagnóstico de câncer. Elas são exemplos públicos de uma realidade global: cada vez mais pessoas abaixo de 50 anos são diagnosticadas com a doença, uma faixa etária em que o câncer não é considerado comum. Um estudo publicado recentemente na revista britânica BMJ Oncology, mostrou que, nas últimas três décadas, houve um aumento de 79% em novos casos nesse recorte de idade, com mais de 1,8 milhões de diagnósticos em todo o mundo.

Apesar do câncer ser ainda uma doença que afeta majoritariamente pessoas na terceira idade, estando vinculada diretamente à longevidade, a análise serve como um alerta nas políticas de conscientização sobre a importância do acompanhamento médico periódico e realização de exames de rotina para detecção precoce do câncer.

"É preciso estimular a conscientização da população em geral sobre como é feita a detecção precoce de tumores e disponibilizar os serviços necessários, que incluem médicos, exames e tecnologias. Quanto mais cedo descoberta a doença, melhor o prognóstico, com resultados positivos às terapias e maiores chances de cura”, explica Carlos Gil Ferreira, diretor médico da Oncoclínicas e presidente do Instituto Oncoclínicas.

O tumor de mama foi o mais prevalente, mas os de traquéia e próstata vêm sendo cada vez mais comuns entre pessoas com menos de 50 anos, de acordo com a pesquisa. Vale lembrar que, de acordo com os dados mais recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) a incidência global de tumores malignos deve saltar de 20 milhões de novos casos (2022) para 35 milhões em 2050, um aumento que equivale a 77%. Além disso, cerca 53,5 milhões de pessoas atualmente estão vivendo com câncer, considerando o período de prevalência da doença no período de cinco anos.

Diferenças regionais são fundamentais para entender a doença

Países de rendimento baixo a médio, como o Brasil, o câncer precoce teve um impacto muito maior nas mulheres do que nos homens, tanto em termos de mortes como de problemas de saúde subsequentes. Isso pode estar conectado, por exemplo, às dificuldades de acesso de exames diagnósticos e medidas preventivas, como a vacina contra o HPV.

Além dos fatores genéticos e hábitos de vida, a doença tem um componente grande socioeconômico, e o olhar para as diferenças regionais são fundamentais para sabermos onde precisamos melhorar e para onde precisamos ir. Em muitos locais,  a sobrevida de alguém pode ser influenciada por acesso a uma vaga em um hospital, um simples transporte, vacinação ou mesmo uma renda que dê para um suporte necessário em tratamentos mais agressivos, como uma nutrição adequada”, descreve Carlos Gil.

Mais de 1 milhão de pessoas com menos de 50 anos morreram em decorrência de tumores em 2019, um aumento de pouco menos de 28% em relação aos números de 1990. Com base nas tendências observadas nas últimas três décadas, os investigadores estimam que o número global de novos casos de início precoce e de mortes aumentará mais de 31% e 21%, respectivamente, em 2030.

Panorama global do câncer

Atualmente, considerando uma prevalência de 5 anos da doença, a OMS informa que aproximadamente 53,5 milhões de pessoas estão vivendo com câncer em todo mundo, sendo que 1,6 milhão delas está no Brasil - um número que, conforme as perspectivas da entidade, seguirá crescendo.

As projeções indicam uma tendência de elevação dos índices mundiais de detecção do câncer, chegando ao patamar médio de aumento de 77% em 2050 quando comparado ao cenário registrado em 2022, com 20 milhões de novos casos da doença. Isso significa que nas próximas décadas uma a cada 5 pessoas terá câncer em alguma fase da vida.

Em 2022, 10 tipos de câncer representaram dois terços dos novos casos e dos 9 milhões de óbitos decorrentes da doença. O de pulmão foi o mais comum em todo mundo, com 2,5 milhões de diagnósticos (12,4% do total), seguido do câncer de mama feminino (2,3 milhões, ou 11,6%), colorretal (1,9 milhão, 9,6%), próstata (1,5 milhão, 7,3%) e estômago (970 mil, 4,9%). Globalmente, tumores de pulmão (18,7%), colorretal (9,3%) e fígado (7,8%) foram as principais causas de óbito pela doença.

No Brasil, dos 1.634.441 pacientes oncológicos em 2022 — incluindo os novos casos e aqueles diagnosticados em cinco anos —, 278.835 morreram, principalmente de tumores de pulmão, mama feminino e colorretal. As três maiores incidências foram próstata (102.519), mama feminino (94.728) e colorretal (60.118). O risco de desenvolver qualquer tipo de câncer no país antes dos 75 anos foi de 21,5%, sendo maior (24,3%) entre os homens.

Considerando a previsão de novos casos em 2050, o Brasil deve registrar 1,15 milhão de novos casos, um aumento de 83,5% em comparação a 2022. As mortes por câncer também devem ter um aumento considerável: 554 mil, 98,6% a mais do que o atual volume registrado de óbitos pela doença no país.

Confira a seguir os principais dados do GLOBOCAN 2022:

Mundo:

Número de novos casos de câncer: 19.965.054

Número de mortes: 9.736.520

Número de prevalência de casos da doença (5 anos): 53.490.304

Top 3 por incidência:Pulmão, Mama e Colorretal

Top 3 por letalidade: Pulmão, Colorretal e Fígado

Número de novos casos previstos para 2050: 35 milhões

Brasil:

Número de novos casos de câncer: 627.193

Número de mortes: 278.835

Número de prevalência de casos da doença (5 anos): 1.634.441

Top 3 por incidência: Próstata, Mama e Colorretal

Top 3 por letalidade: Pulmão, Colorretal e Mama