De dorama à automobilismo: o que os CEOs fazem para manter a saúde mental em meio a rotina agitada do trabalho

C-Levels buscam atividades que os desconectem do dia a dia de trabalho

De dorama à automobilismo: o que os CEOs fazem para manter a saúde mental em meio a rotina agitada do trabalho

Uma pesquisa conduzida pela Gattaz Health & Results, liderada pelo presidente do Conselho Diretor do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (IPq - USP), um em cada cinco profissionais de grandes empresas sofrem com a síndrome do Burnout no Brasil.  Algumas das principais motivações da síndrome são: o estresse, a incerteza e a pressão no trabalho. Além disso, os principais fatores que causam  em funcionários são: carga excessiva de trabalho, dificuldade em equilibrar trabalho e vida pessoal e falta de comunicação.

Uma das saídas para não sofrer burnout, ou até mesmo com depressão, crise do pânico e ansiedade, é a atividade física. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), manter uma rotina de exercícios físicos traz benefícios não apenas para o corpo, mas também para a saúde mental. 

A atividade física pode ajudar a retardar o envelhecimento cerebral por conta dos estímulos que tem quando você faz uma atividade física. Ela também melhora a memória e os processos cognitivos. Além de ter efeitos analgésicos e antidepressivos,reforçando aquele antigo princípio: mente sã, corpo são. Cada vez tem se investigado os efeitos na saúde do cérebro, com foco nos hormônios. Quando você faz atividade física você libera hormônios que vão te trazer boas sensações como serotonina, citocina, dopamina. Isso te ajuda demais, pois melhora a autoestima, a autoconfiança, a segurança, e, claro, seu físico. Benefícios como esses são impagáveis, né?”, explicou Jean Patrick, diretor geral e especialista em saúde mental do The Corner Sports & Health.

Pensando nisso, reunimos nove CEOs que mantêm a saúde mental em dia por meio de seus hobbies e como essa atitude os ajuda na resolução de problemas, no equilíbrio interno e na rotina do dia a dia. A lista conta com atividades simples e tranquilas, como assistir a doramas, regar plantas e ouvir uma boa música, mas também tem altas doses de adrenalina, como a do automobilismo, de pilotar aviões, kart e velejar. E coisas atípicas, como mergulho submarino para conhecer os corais.

Wlado Teixeira, Cofundador do GVAngels: mergulhador submarino

Aos 75 anos de idade, Wlado Teixeira, que é um dos fundadores da rede de investimento anjo em startups, formada por ex-alunos da FGV, GVAngels, possui alguns hobbies. Porém, o que ele é mais apaixonado é o mergulho submarino. 

Mergulho desde 1980. Em  2002 , comecei a fazer fotos submarinas , e mantenho este hobby. Viajo uma vez por ano para as melhores regiões do mundo para fazer fotos submarinas em live-aboards, Indonésia, Filipinas, Papua Nova Guiné, Austrália, Micronésia, e outros locais deslumbrantes. Estes passeios costumam durar 1 a 2 semanas. Estes locais ficam a quase 30 horas de vôo de São Paulo. Pra mim, não poderia ter hobby mais divertido! Tenho uma página no Instagram o @wladosub, na qual coloquei fotos, com datas e locais onde fiz as fotos”, explica Teixeira, que ainda completa. “Treino cinco ou seis dias por semana, procuro sempre estar próximo das minhas filhas e a parte da manhã costumo tirar para cuidar de mim”.

Giselle Guimarães Ramos, CEO (diretora executiva) da Minha Biblioteca: regar plantas e acompanhar dorama

Giselle, 43, encontrou a válvula de escape em atividades que, à princípio, podem ser consideradas triviais, mas fizeram toda a diferença na intensidade da sua rotina. Começando pelo bordado, atividade manual e bastante terapêutica, que foi evoluindo mas, que demandava muito tempo, a partir daí, ela procurou outros hobbies. 

Hobbies frequentemente exigem concentração e atenção plena. Quando nos entregamos a uma atividade que amamos, somos levados a um estado de fluxo, em que nossas preocupações desaparecem e estamos totalmente imersos na tarefa. Não era o que estava acontecendo com o bordado. Desisti. Comecei a procurar outras coisas com que gastasse menos tempo mas que me tirassem por um tempo da minha realidade. Comecei a assistir aos doramas. Sim, seriados coreanos que me traziam realidades e costumes diferentes dos meus. No fim, uma fuga da realidade que poderia ser substituída por algo talvez um pouco mais saudável”, conta Giselle, que acrescentou outro hobbie à sua rotina. 

Depois de um tempo morando em casa descobri um hobbie nunca mais imaginado. Plantas. Todos os dias por 5 minutos meu hobbie é regar plantas depois do almoço. Parece a coisa mais monótona ou insossa da vida. Aprendi que não. Esses 5-10 minutos em um jardim me transpõe para outro mundo em que vejo folhas e flores nascendo e a natureza se refazendo dia a dia. Extremamente terapêutico. Um quebra de rotina curta que me energiza todas as tardes. Quando nos dedicamos a uma atividade que nos interessa, nossa mente é capaz de se desconectar dos problemas cotidianos, permitindo um relaxamento genuíno”, finaliza.

Guilherme Camargo, CEO do Grupo SX: ouvir música e tocar com os filhos

CEO do Grupo SX, venture builder com experiência em acelerar startups, negócios/produtos em diversos estágios de desenvolvimento, Guilherme Camargo tem um hobbie que é compartilhado junto a sua família: a música.

Meu hobbie é a música – seja para escutar ou tocar. Eu tenho um estúdio em casa e toco regularmente com meus filhos ou sozinho. A música sempre fez parte da minha vida pois já toco desde adolescente, gravando mais de 8 discos, dvds, fazendo diversos shows no Brasil e na Europa, mas me aposentei em 2010 desse tipo de atividade que era recorrente. Passei apenas a tocar em casa, com amigos, filhos, sem qualquer compromisso e hoje é a minha válvula de escape para diversas situações que preciso relaxar ou desconectar do estresse do dia a dia.”, explicou Camargo.

Adriano Buzaid, CEO da Gohobby: pilotar avião, helicóptero e kart

Se por um lado tem aqueles que preferem algo mais tranquilo para relaxar e descansar a mente, o CEO da Gohobby, Adriano Buzaid, vai para o extremo oposto.Dominar máquinas (piloto de avião e helicóptero há 15 anos), Velejo de cat kite surf (também há 15 anos) e correr de kart (corre desde os 12 anos). 

Às vezes ficar pensando em um problema não resolve. O momento de descompressão ajuda a esvaziar a cabeça, desligar do mundo e concentrar em outras coisas. Muitas vezes eu saio de uma sessão de velejo ou de kart com a resolução do problema já. Recarregar a bateria também é uma forma de se inspirar em novas ideias”, explica Buzaid.

Fernando Duarte Menezes, CEO da Selfit Academias: KiteSurf

Aos 41 anos de idade, Fernando é daqueles que fazem de tudo um pouco: musculação, corrida, futebol... mas paixão mesmo, tem pelo KiteSurf - esporte aquático que utiliza uma pipa e uma prancha para que o esportista se desloque sobre o mar, pegando ondas e realizando saltos -, que Fernando pratica aproximadamente 3 dias a cada 2 meses.

KiteSurf é a minha terapia. É um dos melhores momentos que eu tenho para conseguir esvaziar a mente e esquecer a correria, os problemas e os desafios da vida, tanto profissional quanto pessoal. Tudo na vida é um grande equilíbrio. O KiteSurf me ajuda a ter um momento meu, em que eu consigo estar em contato direto com o mar, com o vento na cara, e esvaziar a minha mente para refletir, como se fosse um processo de meditação em que eu consigo fazer reflexões sobre que caminho seguir, sobre como ser mais criativo no trabalho, sobre como ser mais amoroso como pai e marido, sobre como ser mais próximo dos amigos e como fazer escolhas melhores. Porque no dia-a-dia você está o tempo todo atropelado, sempre pensando em derrubar o próximo desafio. No mar, você não tem acesso a nada, não tem celular, não tem sinal, não tem nada. É você, o vento, a pipa e o mar. E a sua única preocupação é velejar, sabendo que você só vai parar quando o vento acabar. É muito bom ter um pouco dessa liberdade e desse momento para reflexão.”

Breno Moraes, CEO e co-fundador da DeÔnibus: esporte, estudo, família e amigos. De preferência em uma viagem

Nascido em São Paulo e, atualmente, morando em Florianópolis (SC), Moraes, 38, usufrui da liberdade geográfica que o trabalho proporciona para viajar, conhecendo novos lugares, sem deixar atividades importantes de lado.

Para conseguir manter minha saúde mental e lidar com o turbilhão de emoções da vida de um empreendedor, tive que aprender ao longo dos anos a separar momentos do dia para focar em mim, nas coisas que eu quero fazer e aprender. Gosto de começar o dia cedo  fazendo um esporte, geralmente corrida, yoga, surf ou futevôlei. Além do esporte, também gosto de reservar momentos na semana para aprender algo novo, seja lendo um livro, escutando um podcast ou treinando violão.”

Junior Miranda, CEO da GreenV: Krav Magá

Junior Miranda, 42, é CEO da GreenV. Mesmo com uma rotina puxada de reuniões e viagens, há cerca de três anos o executivo vem dedicando parte do seu tempo ao Krav Magá “combate de contato”, sistema de defesa corporal desenvolvido em Israel, que envolve técnicas de luta, torções, defesa contra armas e golpes como socos, chutes, cotoveladas e joelhadas.

"O Krav Magá, para mim, é um estilo de vida. Quando eu comecei, foi por indicação do meu sócio, o Marcos Nogueira, que já fazia Krav Magá há dois anos. Atualmente, eu pratico de duas a três vees por semana, sempre às 06h da manhã e, toda vez que eu pratico, sinto que renovo o meu dia. É como uma terapia, eu me sinto muito mais motivado, e isso não tem preço. Para o meu dia-a-dia como executivo, ele é essencial."

Marcos Nogueira, COO (diretor executivo de operações) da GreenV: Krav Magá e corrida de rua”

Marcos Nogueira, 39, sócio de Junior Miranda e COO da GreenV, também concilia sua rotina puxada com a prática de hobbies. No seu caso, além do Krav Magá, Marcos também se dedica à corrida de rua, tendo um grande apreço por competir em maratonas.

"A defesa pessoal, na minha vida, foi muito importante para melhorar a minha confiança. Além disso, ele proporciona um equilíbrio mental muito legal. E, hoje, a corrida também é muito importante para mim. Ela me ajuda a ter mais concentração e resiliência para que eu lide melhor com os desafios do meu dia-a-dia."

Diego Moura, CTO (diretor executivo de tecnologia) da Olho no Carro: Jiu-jitsu

Aos 31 anos de idade, Diego Moura é CTO da Olho no Carro. Desde criança, sempre foi um grande apreciador dos esportes e, sobretudo, das artes marciais. Depois de conhecer e testar diversas modalidades, encontrou o seu lugar no Jiu-jitsu brasileiro que, criado no início do século XX, consiste em uma arte marcial onde cada participante tem como objetivo imobilizar seu oponente.

"O Jiu-jitsu potencializa bastante tudo o que seu praticante estiver fazendo na vida, porque ele ajuda a pessoa a se disciplinar e a manter o estilo de vida saudável. Além disso, ele também ajuda no condicionamento físico, na saúde mental e no entendimento de como trabalhar em equipe e se preparar para os desafios. Tudo isso consequentemente reflete na minha vida profissional e pessoal e, por isso, eu sou muito grato. Eu sempre gosto de dizer que o Jiu-jitsu é onde o meu corpo cansa e a minha cabeça descansa."