Zonas azuis: médico comenta o segredo da longevidade

Spoiler: alimentação natural, círculo social agitado e propósito de vida fazem parte das vidas centenárias

Zonas azuis: médico comenta o segredo da longevidade

As Zonas Azuis são os locais do mundo onde vivem as pessoas mais longevas, são conhecidas como as “terras dos imortais”, por contarem com o maior número de centenários. 

O pesquisador Dan Buettner identificou cinco delas: Okinawa, no Japão; Sardenha, Itália; Loma Linda, Estados Unidos; Península de Nicoya, Costa Rica; Icaria, Grécia. A pesquisa do autor inspirou uma série documental na Netflix para desvendar os segredos da longevidade, “Como Viver até os 100: Os Segredos das Zonas Azuis”. Os episódios mostram os cinco destinos e suas principais características, hábitos e tradições que contribuem para esta longevidade.

Para explicar toda esta longevidade, o geriatra Dr. Carlos André Uehara oferece sua visão em torno dos principais segredos revelados pela série.

Os segredos das zonas azuis

O pesquisador comenta na série que as regiões com o maior número de centenários no mundo seguem a mesma fórmula, os idosos vivem vidas vibrantes, ativas, felizes e sem esforço.

Uma das regiões citadas na série é a ilha de Okinawa, no Japão. “Naturalmente, os japoneses são reconhecidos pela longevidade. De acordo com o Índice de Qualidade de Vida da OECD (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), a média de idade dos habitantes do Japão atinge os 84 anos, estabelecendo um recorde como a mais alta expectativa de vida global”, comenta o doutor. “A longevidade dos japoneses está intrinsecamente ligada a diversos fatores, incluindo dieta saudável e equilibrada, noites de sono regulares, acesso facilitado a serviços de saúde de alta qualidade, ampla disponibilidade de educação e cultura, bem como um padrão de vida elevado na terceira idade”.

Detalhando os habitantes de Okinawa, eles vivem próximos à natureza, estão sempre em contato com ela, por meio do cuidado de jardins e hortas diariamente, representando uma atividade física leve e um hobby. De acordo com o especialista, “com tantas demandas no dia é bem comum que as pessoas não reservem um tempo para se dedicar a novas atividades, nem para estar em contato com a natureza. Entretanto, estes momentos são indispensáveis para a saúde mental, podendo aumentar a criatividade, produtividade e o bem-estar emocional, pois liberam dopamina e serotonina, responsáveis pela sensação de prazer e pelo combate ao estresse. Nos tempos livres, faça o que gosta, tente novos hobbies e esteja aberto a novos aprendizados, sem se preocupar com o resultado final. E ainda é importante que os idosos mantenham-se ativos física e mentalmente”.

Além disso, o Dr. Uehara conta que “somos seres sociais e necessitamos de interação com pessoas para o nosso próprio bem-estar, não só na juventude, como também na velhice, assim como fazem os moradores da ilha ”. Eles sempre estão se divertindo e estimulando a conexão humana, por meio dos moais, círculo social em que os habitantes colaboram financeiramente com aqueles que estão passando por dificuldades, e também passam por bons momentos em que cantam e dançam juntos. 

A alimentação é outro fator interessante na longevidade dos cidadãos de Okinawa, suas refeições são repletas de alimentos naturais com propriedades medicinais, com benefícios à saúde e pouca ingestão calórica. “O documentário mostra que em média os norte-americanos consomem cerca de 3.600 calorias em um dia, enquanto os habitantes do arquipélago japonês consomem menos de 2.000, o indicado para o corpo humano”.

Eles ainda seguem o hara hachi bu, o termo indica que deve-se parar de comer quando o estômago estiver 80% satisfeito, o que diminui os índices de obesidade. O documentário ainda cita o beni imo, uma espécie de batata-roxa, característica da região, com propriedades anticancerígenas e que ainda baixa o colesterol, consequentemente, o risco de doenças cardíacas. 

Complementa o geriatra, “a dieta tradicional japonesa se destaca por sua baixa ingestão de gordura animal, especialmente em comparação com os padrões ocidentais de alimentação. Isso é significativo porque o consumo de alimentos ricos em gordura animal, como carne, laticínios, frituras e óleos, tende a aumentar o crescimento de células cancerígenas e o risco de doenças cardíacas”. 

Outros pontos levantados em relação aos cidadãos são: eles sentam no chão e possuem mesas baixas e tatames em suas casas, o que fortalece o corpo e o equilíbrio. Eles também perdoam facilmente a todos e são gratos por sobreviverem aos horrores da Segunda Guerra Mundial, em que cerca de 200 mil moradores da ilha morreram durante o período. A teoria é que as experiências do passado ajudaram a criar condições saudáveis e felizes para aqueles que permanecem lá. Eles entendem o seu ikigai, ou seja, sua missão, seu senso de propósito. O Ikigai pode auxiliar na busca do propósito pessoal. E com isso em mente, é mais simples entender onde se quer chegar e ter motivação para todos os dias.