Agenda 227 defende direitos de crianças e adolescentes como prioridade absoluta nas candidaturas municipais em 2024

Movimento que tem mais de 400 organizações da sociedade civil apresentará aos candidatos do executivo municipal documento com diretrizes em 22 áreas estratégicas para garantir direitos da infância e adolescência

Agenda 227 defende direitos de crianças e adolescentes como prioridade absoluta nas candidaturas municipais em 2024

As prefeituras têm papel fundamental para implementar políticas públicas que garantam os direitos da população e fomentem o desenvolvimento local, cabendo à municipalidade a responsabilidade sobre serviços essenciais, como o acesso à educação infantil e ensino fundamental, serviços em saúde, preservação ambiental, planejamento urbano e saneamento básico, entre outros. Nesse contexto, diante do debate eleitoral de 2024, a Agenda 227, movimento em defesa dos direitos das crianças e adolescentes, que tem o apoio de mais de 440 organizações da sociedade civil, irá apresentar neste ano às candidaturas ao executivo municipal o documento “Prioridade absoluta nas Eleições 2024: diretrizes para uma gestão municipal comprometida com a infância e a adolescência”.  

O documento reúne diretrizes em 22 áreas estratégicas para a efetivação dos direitos de crianças e adolescentes, como saúde, nutrição, educação, convivência familiar e comunitária, enfrentamento das violências, igualdade racial, acesso à justiça, mudanças climáticas, entre outros. O plano tem por objetivo não só situar essa parcela da população como vetor prioritário nos debates eleitorais desse ano, mas principalmente nas gestões municipais que se iniciam em 2025. O movimento defende que as cidades avancem no cumprimento do artigo 227 da Constituição Federal, que prevê prioridade absoluta na garantia dos direitos da infância e adolescência, assim como o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e do Marco Legal da Primeira Infância. 

Para Miriam Pragita, da diretoria executiva da Agenda 227, somente a partir do compromisso com as crianças e adolescentes é que a gestão municipal terá condições de promover desenvolvimento sustentável e com justiça social. “É nas cidades que a população tem contato com direitos básicos e fundamentais e, por isso, é onde precisamos garantir que estejam fortalecidas políticas de educação, saúde, saneamento básico, segurança, renda, entre outras. Escolher a infância e a adolescência como prioridade de investimentos é escolher romper com os ciclos de pobreza intergeracional e parar de reproduzir desigualdades, promovendo uma cidade melhor para todos no presente e para o futuro. Os candidatos às prefeituras brasileiras precisam selar este compromisso firmado pelo país na Constituição Federal e fazer valer a prioridade absoluta para crianças e adolescentes”, afirma.  

O movimento atuará em diálogo com as candidaturas ao executivo municipal das 26 capitais estaduais brasileiras e em alguns outros municípios para promover a incorporação das propostas temáticas aos planos de governo e à atuação dos futuros gestores municipais. O documento que será debatido com candidatas e candidatos também propõe que as estruturas administrativas municipais e seus mecanismos de gestão sejam revistos. Entre as mudanças propostas, a Agenda 227 sugere a discriminação de recursos para a população de 0 a 18 anos no planejamento e execução orçamentária, considerando os diferentes setores de atuação; a criação de instância municipal intersetorial para coordenar e mobilizar ações que estão pulverizadas entre as diversas secretarias e os órgãos que constituem o Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente (SGD); o fortalecimento dos Conselhos Municipais de Crianças e Adolescentes; e a integração dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) nas políticas públicas municipais, articulando também os esforços do setor privado e da sociedade civil. 

Diretrizes temáticas 

Na saúde, entre as diretrizes recomendadas pela Agenda 227 para a gestão municipal, estão o fortalecimento da Atenção Primária à Saúde, o acompanhamento e tratamento adequado às gestantes, mães e crianças, principalmente nos primeiros mil dias de vida e priorizando aquelas em maior vulnerabilidade social e com diagnóstico de doenças raras e/ou deficiência, com programas e estratégias direcionados. 

Na área da nutrição, o movimento sugere, por exemplo, medidas que assegurem o abastecimento de alimentos saudáveis (“in natura”), provenientes da agricultura familiar, além de garantir o acesso à nutrição adequada para todas as crianças com diagnóstico de doenças raras que necessitam de dieta específica. 

Em educação, a Agenda 227 recomenda políticas de educação integral, inclusiva e de equidade racial e de gênero, além de prioridade a programas de busca ativa escolar, políticas de valorização e formação continuada dos profissionais da educação, bem como melhorias de gestão e infraestrutura. 

Na área de convivência familiar e comunitária, propõe a implementação das ações contidas no “Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária”, no âmbito municipal. 

Para o enfrentamento às violências, o movimento sugere implementar, em nível municipal, o Sistema de Garantia de Direitos para Crianças e Adolescentes Vítimas de Violência, com celeridade e não revitimizando crianças e adolescentes.  

Entre as diretrizes para a promoção de cidades e assentamentos sustentáveis, estão o estabelecimento de planos emergenciais de acolhimento de crianças, adolescentes e famílias em situação de rua e de remoção daqueles que vivem em áreas de extremo risco. Há ainda diretrizes para se garantir o acesso universal ao sistema de transporte público e a criação de programas de mobilidade ativa e segura, assim como de espaços públicos seguros, parques e áreas verdes, com prioridade aos territórios mais vulneráveis.  

Para povos indígenas e ribeirinhos, povo romani, povos de comunidades tradicionais e migrantes, são indicadas políticas como garantia de alimentação escolar culturalmente adequada, direito à leitura valorizando autores indígenas e negros, acesso à educação intercultural bilíngue indígena, entre outras.  

Em saneamento básico, recursos hídricos e acesso à energia, o movimento destaca a necessidade de garantir para todas as escolas públicas o acesso ao abastecimento de água potável e à coleta e tratamento de esgoto e buscar a universalização da oferta desses serviços para todo o município  

Também estão contempladas entre as 22 áreas estratégicas indicadas aos candidatos ao executivo municipal pelas diretrizes propostas pela Agenda 227, políticas para profissionalização e acesso ao mundo do trabalho; orfandade e direitos; cultura, esporte e lazer; adolescentes a quem se atribui ato infracional; agenda de gênero; igualdade racial; pessoas com deficiência; parcerias multissetoriais e cooperação global; pobreza, fome e desigualdade; acesso à justiça; parcerias multissetoriais e cooperação global; mudanças climáticas e ecossistemas terrestres e marinhos; cidades e assentamentos sustentáveis; padrões de produção e consumo sustentáveis; e comunicação, mídia e inclusão digital.