Vasectomia: além dos mitos

Alguns dos tabus mais comuns sobre a vasectomia podem gerar dúvidas, medos e preconceitos nos homens que consideram a cirurgia

Vasectomia: além dos mitos

A vasectomia é um procedimento cirúrgico simples, seguro e rápido, que pode ser realizado com anestesia local em ambiente ambulatorial ou hospitalar. Apesar de suas vantagens, muitos homens ainda relutam em se submeter ao procedimento por medo e desinformação.

Porém, pesquisas indicam que a procura pela vasectomia tem aumentado, com mais homens dividindo a responsabilidade da contracepção com suas parceiras. Homens que se submeteram à vasectomia relataram mudanças positivas em sua saúde, corpo, relacionamento familiar e vida sexual, além de uma melhoria na situação econômica.

A procura pelo procedimento tem crescido, refletindo uma mudança de atitude em relação à responsabilidade masculina na contracepção. A vasectomia é um método de esterilização masculina que tem ganhado atenção como uma opção de contracepção segura e eficaz, além de contribuir para uma melhor qualidade de vida, tanto no âmbito pessoal quanto nos relacionamentos.

No entanto, alguns dos tabus mais comuns sobre a vasectomia ainda podem gerar dúvidas, medos e preconceitos nos homens que desejam fazer a cirurgia.

Irreversível?

Embora a vasectomia seja geralmente considerada uma forma permanente de esterilização, existe a possibilidade de reversão em alguns casos. A reversão envolve a religação dos canais deferentes para permitir o fluxo dos espermatozoides novamente. No entanto, essa reversão não é garantida e depende de vários fatores, como o tempo desde a vasectomia, a técnica utilizada, a idade do homem e a qualidade do sêmen.

"Reverter a vasectomia é um procedimento mais complexo, demorado e caro do que a vasectomia inicial, e pode não ser coberto pelo plano de saúde ou pelo SUS. Por isso, a vasectomia deve ser considerada uma decisão definitiva, recomendada apenas para homens que têm certeza de que não desejam mais filhos biológicos", explica o Cirurgião Geral e especialista em Videolaparoscopia.

Risco de Câncer

Um mito persistente é a crença de que a vasectomia aumenta o risco de câncer de próstata. Alguns estudos iniciais sugeriram essa associação, mas foram contestados por pesquisas subsequentes que não encontraram nenhuma ligação causal. Tanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) quanto a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) afirmam que não há evidências científicas que provem que a vasectomia aumenta o risco de câncer de próstata.

"Homens que realizaram ou pretendem realizar a vasectomia devem seguir as mesmas recomendações de prevenção e rastreamento do câncer de próstata que todos os outros: manter uma dieta saudável, praticar exercícios regularmente, evitar tabagismo e consumo excessivo de álcool, e realizar exames periódicos a partir dos 50 anos, ou antes, se houver fatores de risco ou sintomas", alerta Ernesto.

O Uso de Preservativos

Um equívoco perigoso é pensar que a vasectomia elimina a necessidade do uso de preservativos. A vasectomia previne apenas a gravidez, mas não oferece proteção contra infecções sexualmente transmissíveis (DSTs) como HIV, sífilis, gonorreia, clamídia, HPV, herpes e hepatites.

Além disso, a vasectomia não é imediatamente eficaz após a cirurgia, pois podem restar espermatozoides nos canais deferentes. Por isso, é necessário fazer um exame de espermograma após cerca de três meses ou 20 ejaculações para confirmar a ausência de espermatozoides no sêmen. Até lá, é preciso usar outro método contraceptivo, como preservativos, para evitar uma gravidez. Portanto, a vasectomia não substitui o uso de preservativos, que são o único método eficaz para prevenir tanto a gravidez quanto as DSTs.

"É fundamental buscar informações confiáveis e conversar com seu médico. A vasectomia é uma escolha pessoal e responsável, que deve ser tomada com consciência e segurança", conclui Alarcon.