Vença o medo de falar em público com a arte do improviso

Falar em público é um desafio para muitos brasileiros, especialmente diante de pessoas desconhecidas. Esse medo, em grande parte, está ligado a fatores psicológicos, como o receio de gaguejar, travar ou não se expressar perfeitamente, e consequentemente, ser julgado. O ator e professor de improvisação e teatro, Ian Soffredini, explica como a prática do improviso pode ajudar a superar essa barreira.

"O maior desafio é o medo do julgamento. As pessoas travam porque acreditam que precisam ser perfeitas o tempo todo. Isso gera uma autocobrança que bloqueia a naturalidade. Além disso, o erro é visto como fracasso, quando, na verdade, ele é parte do processo. No improviso, o erro se transforma em oportunidade", explica Soffredini.

Sabendo que a insegurança é um dos maiores obstáculos para a comunicação, o improviso se mostra uma ferramenta poderosa para destravar a fala. Ele transforma o erro em aprendizado e desenvolve habilidades fundamentais, como presença e adaptação rápida. "O improviso ensina que o erro não é o fim, mas um novo caminho. Quando você se permite errar, aprender e seguir em frente, o medo perde a força", destaca o ator.

Para quem quer começar, não é preciso ter experiência teatral. O mais importante é se abrir ao novo e abandonar as inseguranças. A base do improviso está em aceitar as ideias, tanto as suas quanto as dos outros, e assim construir em cima delas. Jogos simples, como associações de palavras ou contar uma mesma história de diferentes formas, uma vez como comédia e outra como suspense, ajudam a destravar a mente e despertar a criatividade.

"Improvisação não precisa ser algo complexo logo de cara, exercícios de perguntas e respostas rápidas, onde a pessoa precisa responder sem pensar muito, já ajudam a treinar a agilidade mental e a espontaneidade. Outro exercício interessante é simular diálogos em diferentes situações, como pedir informação na rua ou apresentar uma ideia nova para um grupo. Isso tira a pressão de "acertar" e ajuda a se sentir mais confortável ao se expressar", sugere o professor de teatro.

A prática da improvisação também fortalece habilidades essenciais para a comunicação no dia a dia. A escuta ativa, por exemplo, é fundamental, pois para improvisar bem, é preciso realmente ouvir o que o outro está dizendo, em vez de apenas esperar a sua vez de falar. Outra habilidade valiosa é a aceitação de ideias. Em vez de rejeitar algo que parece inesperado, o improviso ensina a construir em cima disso, deixando a conversa mais fluida e colaborativa.

"Escuta ativa é essencial, porque a comunicação envolve muito mais ouvir do que falar. A aceitação de ideias mantém a conversa leve e sem travar. Quando você deixa de se preocupar com o que os outros estão pensando e foca no diálogo em si, tudo flui com mais naturalidade", conclui o ator.