Todos sabem o que fica localizado na Avenida Paulista, 1578, certo? Sim, o Museu de Artes de São Paulo Assis Chateaubriand. A partir deste final de março de 2025, nós paulistanos (e não-paulistanos) precisamos renomear o MASP.
Daqui pra frente, o MASP, vai se chamar "o canto do Casal Bardi". Por quê? O icônico (e histórico) prédio reconhecido internacionalmente leva o nome da arquiteta ítalo-brasileira que o idealizou: Lina Bo Bardi (1914-1992). E agora, 78 anos depois de sua inauguração no espaço que era o antigo Belvedere Trianon, Lina, finalmente, tem a companhia de seu marido Pietro Maria (1900-1999).
Avenida Paulista, 1510. Edifício Pietro Maria Bardi: o novo anexo do museu de artes mais importante da América Latina.
Dois dias antes de sua abertura para o público, o MASP abriu o novo anexo para a imprensa, influenciadores e convidados.
E claro, o Correio esteve presente. Para marcar os olhos, a mente e a vida deste repórter, que é fã de artes e de um bom museu (quem nasce na Capital, acaba tendo este tipo de paixão, além de padarias, cafés e coxinhas).
Aqui no Correio, você pode ter os detalhes de cada exposição que será aberta ao público a partir desta sexta (28). Entretanto, podemos te contar rapidamente como é cada uma!
No 2º andar,
está a videoinstalação de Isaac Julien sobre a esposa de Pietro, Lina Bo Bardi: um maravilhoso emaranhado. O vídeo foi gravado em 2018 Salvador e na Capital Paulista. Não teve algo mais emocionante ver Fernanda Montenegro e José Celso Martinez Corrêa interpretar as reflexões da arquiteta ítalo-brasileira. Aliás, o fundador do também icônico Teatro Oficina, de abençoada memória, chegou a trabalhar com Lina Bo Bardi. Nossa premiada Fernanda Torres, a "Fernandinha", também interpreta as reflexões de Bo Bardi. Um vídeo que as novas gerações de atores, atrizes, arquitetos, designers, enfim, todos os artistas de hoje e de amanhã devem assistir.
Subindo! No 3º andar, você é tele transportado para o outro lado do Atlântico.
Na exposição "Artes da África" você consegue ver peças extremamente raras de várias nações africanas, como Nigéria, Guiné, Benin, Senegal e Costa do Marfim. Falando em Senegal, você consegue ver um jornal senegalês dos anos 80 falando sobre uma exposição no próprio MASP naquela época. Não somente isso. Você pode ler textos do próprio Professor Pietro Maria Bardi falando sobre a arte africana. Imperdível!
(Rápida observação: os outros visitantes de origem não-africana observavam maravilhados. Como este repórter tem origem africana, o sentimento foi de estar em casa!)
Subindo! No 4º andar, você pode ter uma viagem geométrica. De verdade! Se você é um fã de arte, vai se sentir em quadro do pintor russo Vassily Kandinsky (um dos favoritos deste repórter).
Um dos "Cinco Ensaios Sobre o MASP", tem o nome de Geometrias, pois vários trabalhos expostos - em três dimensões - em formas geométricas. Em frente a uma escultura - magnífica - de Lygia Clark (uma das principais expoentes do estilo), há dois quadros que colocam lado a lado o poeta Ferreira Gullar e o "pai das bandeirinhas juninas" Alfredo Volpi. E trabalhos não só brasileiros. Há uma colcha de cor azul com inúmeros quadrados sobrepostos feitos por um artista mexicano e uma artista sérvia. Maravilhoso, vale muito a pena dar uma olhada!
Subindo! Ah, o 5º andar! Se você for ao Edifício Pietro Maria Bardi e não for ao 5º andar, é melhor refazer o passeio! Você terá a sensação de estar em um grande museu no exterior - ou no próprio Louvre, para quem já foi.
A exposição "Renoir" é algo completamente indescritível. Pela primeira vez em quase 25 anos, a coleção completa do museu dos quadros do pintor francês Pierre-Auguste Renoir (1841-1919) é exibida. Ter a oportunidade de ver quadros clássicos, como os das "banhistas" e "Rosa e Azul", além da escultura Vênus Vitoriosa de perto, é realmente, algo que não dá para explicar. No fundo da exposição, você pode ver a edição em língua portuguesa do livro "Pierre-Auguste Renoir: Meu Pai", escrito por seu filho, o cineasta e escritor Jean Renoir (1894-1979) e também, há alguns recortes de jornais sobre a coleção quando chegou ao Brasil sob os olhares do patrono Assis Chateaubriand e dos apoiadores da tradicionalíssima Família Penteado. Ou seja, rapidamente, você pode se sentir um "ricaço" só por ter tal oportunidade. Ou, será que você pode deixar um recado ao seu inconsciente? Sim, a exposição "Renoir" é um bom atalho para isso!
E a cereja? Onde fica? No 6º andar, claro! No último andar destinado à exposições no Edifício Pietro Maria Bardi, está, talvez, a exposição mais importante desta abertura. O quinto Ensaio Sobre o MASP, é nada mais, nada menos,
do que a própria história do museu. A impressão, é que este repórter estava em um parque de diversões. Ter visto a história do MASP, consegue ser ainda mais emocionante do que ver Renoir. Vou dizer o motivo.
Chateaubriand queria - de qualquer maneira - fazer com que o Brasil tivesse um museu de arte de alto nível, como aqueles que ele visitava no exterior. Observando as ideias - e artigos publicados nos seus Diários Associados - do Professor Pietro Maria Bardi, Chatô logo pensou: "esse, é o cara!". Em 1947, o MASP teve seu primeiro endereço na famosa Rua Sete de Abril, no Centro, onde ficava a sede paulista dos Diários Associados de Chatô. Enquanto Chatô e Bardi começavam a correr atrás de grandes obras para o acervo do MASP - sob críticas da sociedade, alegando que a dupla conseguia as obras de maneira "duvidosa" (sim, tinha hater até nessa época) - a Prefeitura cedeu o terreno do Belvedere Trianon para o museu. Nascia o Edifício Lina Bo Bardi.
Na exposição "Histórias do MASP", você consegue ver as propagandas das turnês internacionais do acervo montado - e curado - em grande parte por Pietro Maria Bardi, que foi, durante muito tempo, o diretor do museu. Retratos das obras embarcando no exterior e chegando ao Brasil são vistas, documentos sobre o tombamento do Edifício Lina Bo Bardi, e também, notas históricas sobre o (mais uma vez citando) histórico e icônico prédio reconhecido internacionalmente, como por exemplo, as manifestações do 1º impeachment da Nova República e o show da Rainha do Axé Daniela Mercury no Vão Livre, que é tão icônico quanto o próprio Edifício Lina Bo Bardi.
Então, você que mora na Capital, Interior, Litoral (Norte e Sul), ou até mesmo fora de São Paulo, tens "um dever a cumprir": visitar o Edifício Pietro Maria Bardi. O novo anexo do MASP.
Que certamente, não deve ficar atrás dos grandes museus do mundo!