Muito mais do que cultura de rua, o hip hop é voz, resistência e transformação. Nascido nos guetos de Nova York, ele se espalhou pelo mundo como uma ferramenta de expressão e luta social, carregando quatro pilares que sustentam sua força: o graffiti, a dança breaking, a arte da discotecagem com DJs e a poesia dos MCs. Cada elemento é uma forma de contar histórias, denunciar injustiças e celebrar a vida. Essa energia vai tomar conta de Caieiras, no dia 6 de abril, no Festival Atitude, com uma proposta que vai muito além do entretenimento: levar às periferias discussões urgentes sobre justiça ambiental e adaptação climática.
Produzido pela Atairu Cultura e Multimídia, o evento foi inspirado na música Atitude, do grupo Velho Oeste 011, e traz uma programação pulsante com apresentações de Cris SNJ, Werá MC representando o povo Guarani Mbya, discotecagem com Simmone Lasdenas, live painting do Projeto Kombozas, liderado pelo artista Bonga Mac, batalha de breaking com premiações e muito mais. A apresentação fica por conta do MC Luiz Preto, que conduzirá a energia do palco.
Um dos pilares da cultura Hip Hop, o breaking traz a performance Somos feitos de sonhos, do Coletivo Prelúdio, focada em conectar-se com poesia e artes visuais com expressão e dança, além de valorizar toda forma artística de criação independente. Além disso, a 3ª edição da batalha de breaking Medo é Pado, premiará os três primeiros colocados, com valores em dinheiro, troféus exclusivos do escultor internacional Dario Najamerlinn, itens da coleção Olho Cru do artista Bonga Mac, de marcas locais e vouchers.
O evento também incentiva a participação ativa do público na construção de um futuro mais consciente. Serão instalados pontos de coleta seletiva, em parceria com a Cooperativa Cooperunidos Francisco Morato, e os participantes são convidados a levar garrafinhas reutilizáveis para reduzir o uso de plástico. Quem curte plantas também pode levar mudas para participar de uma troca de espécies durante o evento.
Para a produtora cultural e concept art da Atairu, Tamires Santana, o festival nasce da necessidade de levar o debate ambiental para as quebradas. "Se hoje eu atuo na cultura, na arte, na produção cultural, então é onde eu tenho que agir. O poder público é lento, e a informação sobre a crise climática chega tarde para as periferias. O Festival Atitude quer fazer esse conhecimento circular através da arte", explica Tamires.
Antes do festival, como parte da programação, também acontecerão as oficinas gratuitas "Quem quer criar cartazes impactantes?" na próxima terça e quarta (25 e 26), em Caieiras, para crianças e adolescentes de 10 a 13 anos. Ministradas por Tamires Santana, as oficinas buscam empoderar comunicadores locais com técnicas de design e linguagem visual voltadas à comunicação consciente e territorial.
"A ideia de tudo isso é que a gente reflita sobre o que está deixando de fazer e o que pode melhorar. A cultura Hip Hop sempre foi sobre resistir, mas também sobre celebrar e criar novos futuros. Quem sabe a gente inspira outras ações, acelera processos e fortalece essa ponte entre arte e sustentabilidade?", reflete Tamires.
Por fim, para a produtora, o Festival Atitude promete ser mais que um encontro cultural: será um grito coletivo por justiça, arte e vida. Um espaço onde a quebrada se reconhece, se fortalece e assume o protagonismo na defesa dos territórios e das identidades historicamente negadas.
Serviço:
Festival Atitude
Data: 6 de abril, das 14h às 20h
Local: Centro Comunitário Novos Horizontes: Rua Joaquim Manoel de Macedo, 20B, Serpa, Caieiras
Classificação indicativa: livre
Programação:
14h: Bonga Mac (graffiti)
14h15: Dj Simmone Lasdenas
15h: MC Cauê Doeste
15h30: MC Leo Braga
16h: Coletivo Prelúdio (Medo é Pado) / Batalha de Breaking
17h10: MC Werá
18h: Velho Oeste
19h: Cris SNJ
Oficina: Quem quer criar cartazes impactantes?
Data: 25 de março, das 9h às 11h, e 26 de março, das 15h às 17h
Local: Centro Comunitário Novos Horizontes: Rua Joaquim Manoel de Macedo, 20B, Serpa, Caieiras - SP
Faixa etária: 10 a 13 anos
Sobre as atrações do festival:
Bonga Mac: grafiteiro, artista visual, arte educador e produtor musical. Conhecido por personalizar kombis gratuitamente e mobilizar os donos dos veículos a levar alimentos para famílias carentes por meio do projeto Kombozas. Alcançou o 3º recorde nacional como o artista que mais realizou ações socioculturais com kombis pela Rank Brasil.
Coletivo Prelúdio: realiza ações e projetos com diversos elementos artísticos e culturais, sobretudo com o breaking.
Luiz Preto: mestre de Cerimônia do Festival Atitude. Cria do Hip-Hop que se destaca por sua pluralidade nas letras, rimas, melodias e refrões.
MC Cauê Doeste: rapper do território do Serpa, Caieiras.
MC Cris SNJ: rapper brasileira e uma das mulheres mais influentes da cena nacional do rap. Nascida e crescida na zona sul de São Paulo, ganhou notoriedade por fazer parte do renomado grupo de rap SNJ.
MC Leo Braga: MC versátil nos versos porque palavras abrem caminhos.
Simmone Lasdenas: DJ pioneira e ativista das questões de gênero, movimenta a base do Hip Hop e produz as festas SOMA+1 e Chilli Black. Integra os projetos Divas do Hip Hop e Concerto Hip Hop, e recebeu o prêmio Cultura Hip Hop pela Funarte na categoria "Reconhecimento".
Velho Oeste 011: formado pelos MCs Sobrenome De Mello (Caieiras), Digo 4P (Francisco Morato), Luiz Preto (Franco da Rocha), Murilo Banton (Vila Jaguará) e DJ Makola (Freguesia do Ó). Eles usam a cultura periférica como ferramenta de resistência, celebração e expressão do cotidiano.
Werá MC: rapper indígena do povo Guarani Mbya, produtor musical e representante da luta pela TI Jaraguá.