Como parar de ser sua maior inimiga

Nenhuma mulher pode ser a Mulher Maravilha, mas pode ser uma Maravilha de Mulher, não é verdade?

Por Redação em 01/04/2025 às 15:58:52

Por Monike Kineippe*

Vamos conversar sobre algo velado para muitas, escondido e negado por outras tantas, mas vivenciado por todas nós, sim, todas nós - incluindo a mim - a autocrítica.

Para muitas, a autocrítica começa cedo. Crescemos ouvindo o famoso: "Temos que..." 

"Temos que ser boas", "temos que ser amáveis", "temos que ser cordiais", "temos que ser bondosas", "temos que ser responsáveis" e "temos que ser fortes". Não à toa, muitas de nós (se não todas) acreditam que devem ser perfeitas em tudo o que fazem [e daí vem a Marvel e me lança a Mulher Maravilha para terminar de lascar com tudo!]. Com isso, cada erro - mesmo os pequenos - parecem ter um peso dobrado. 

Ao longo da vida, essa cobrança silenciosa cria uma conversa interna perigosa e imensamente cruel, com as seguintes afirmações:

"Eu não sou boa o bastante!"

"De novo, você falhou nisso?"

"Você precisa se esforçar mais!"

"Esse sonho... É grande demais para você!"

"Você não tem o apoio de ninguém, não vai conseguir!"

E o que acontece quando estamos constantemente sob essa autopressão de perfeição? Acabamos sufocando nosso próprio potencial, duvidando da nossa capacidade e nos deixando levar por ruídos e vozes externas.

Como a autocrítica impacta os seus resultados

Para entender melhor, vou compartilhar uma história vivida por mim? Sim, essa autora, escritora, mentora, palestrante, estrategista e outros tantos rótulos que foram me dando ao longo de 17 anos (esses são só alguns dos que me deram após os meus 18 anos - curiosas façam as contas!) já vivenciou isso na pele.

Lembro como se fosse hoje, o dia que uma pessoa me convidou para a minha primeira palestra no palco, com cerimonialista, evento com plateia totalmente desconhecida por mim e tempo marcado? Na época, era para falar da minha empresa, da transformação que o meu negócio gerava, do que eu já fazia quando eu sentava com um cliente para fechar uma venda, mas agora seria "em grande escala", com um foco de iluminação e microfone na mão.

Eu montei uma mega apresentação, ensaiei, reensaiei, alterei a apresentação, mexi e remexi porque internamente não estava bom (mesmo meu marido dizendo que estava excelente) para mim ele estava sendo amoroso por ser meu marido - anos depois eu descobri que ele falava a verdade porque quando está péssimo ele também fala!

Conclusão: a minha autocrítica me fez perder um tempo imenso refazendo uma apresentação que não tinha por que ser alterada, um nervosismo que não precisava ter vivenciado, pois o que fiz no palco, foi o mesmo que fazia em uma mesa de reunião, me conectei com a plateia, interagimos e claro fechei vendas não só para mim como para o espaço que me convidou, já que esse era o objetivo do evento.

Hoje eu dou palestras e treinamentos com a minha verdade e sinceridade, sem me criticar [tanto, rs? Porque a vozinha sempre está ali, só sou eu que há silencio]. Se eu gaguejo, é normal, sou humana, não um robô (aproveito para fazer uma piada para descontrair e me conectar com a plateia).

Então PARE JÁ de se criticar e comece a VALORIZAR o que tem de melhor em você!

O primeiro passo: identificar de onde vem essa cobrança

Para aliviar esse peso, entenda de onde vem essa cobrança. Muitas vezes, ela está relacionada a padrões externos que absorvemos ao longo da vida - expectativas da sociedade, da família ou até ideias que criamos sobre como "deveríamos ser" para sermos respeitadas. Questionar essas crenças é essencial. 

Pergunte-se:

De quem é essa voz que me cobra tanto

Esse padrão é meu ou eu adotei ele sem perceber?

Lembre-se: Você não precisa seguir a vida como a versão que os outros esperam de você.

Comece a silenciar essa voz interna

Para cada mulher que sente que nunca é boa o suficiente, aqui vão alguns passos que podem ajudar a transformar essa relação com a autocrítica:

Reconheça as suas conquistas - Mesmo que pequenas, suas vitórias importam. Aprenda a celebrar os pequenos passos e a valorizar o esforço que você coloca nas suas ações. Escrever suas conquistas diariamente é uma forma de resgatar a importância da sua jornada (sim, tenha um diário - eu tenho - é incrível as maravilhas que ele pode fazer por você).

Permita-se errar - Errar faz parte de qualquer jornada de sucesso. Muitas vezes, a pressão que colocamos em nós mesmas vem do medo de falhar. Lembre-se de que cada erro é uma oportunidade de aprendizado, e que ele não define quem você é.

Estabeleça limites para a cobrança interna - Às vezes, nos criticamos para nos "motivar". Mas precisamos saber quando parar. Se algo não saiu como o esperado, reflita e aprenda com isso, mas não deixe que o erro consuma todo o seu valor. A autocrítica precisa ser uma ferramenta, não uma prisão.

Cerque-se de pessoas que te incentivam - Quando estamos cercadas de pessoas que nos apoiam, somos lembradas do nosso valor. Esse apoio pode vir de amigas, mentoras, ou até mesmo de uma comunidade assim como a Comunidade Mulhere$ no Poder, onde apoiamos e desenvolvemos empresárias através de um ambiente de networking, parcerias e muito aprendizado. Essas conexões trazem uma perspectiva nova e podem ajudar a amenizar nossa autocrítica.

Lembre-se, você não é apenas o que conquistou ou as metas que atingiu. Você é muito mais. A sua história, a sua força e a sua verdade merecem reconhecimento. E quem deve reconhecer isso, antes de qualquer pessoa, é você mesma.


(*) Mentora de empreendedoras, palestrante, autora e escritora.


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